SLOW MOTION:
«THE TWO ESCOBARS » - Jeff Zimbalist e Michael Zimbalist. Andrés era um cavalheiro, nasceu em Medellín. Pablo era um criminoso, nasceu em Medellín. Andrés, capitão da seleção colombiana no Mundial-94, uniu o país. Pablo, senhor do tráfico de droga, criou um ambiente de guerra civil no país.
Andrés assinou a sua sentença de morte ao fazer um autogolo contra os EUA. Pablo assinou a sua sentença de morte ao fugir na tentativa de evitar a extradição para os EUA. Andrés morreu a 2 de julho de 1994, assassinado com um tiro na cabeça. Em Medellín. Pablo morreu a 2 de dezembro de 1993, assassinado com vários tiros na cabeça. Em Medellín.
Andrés e Pablo mal se conheciam. Partilhavam o apelido, apenas isso. A forma trágica como morreram está, porém, entrelaçada de uma forma assustadora. O extraordinário documentário que vos recomendo conta-o com uma crueza visceral.
Um futebolista, um traficante, um apelido, duas vidas.
PS: «BESTAS DO SUL SELVAGEM», de Benh Zeitlin. Não venceu nenhum Óscar, mas deu-nos a conhecer a pequena Quvenzhané Wallis. Aos nove anos esteve nomeada para Melhor Atriz. Tudo começa numa remota região do Louisiana, conhecida por A Banheira. As cheias deixam ainda mais pobres os que sobreviviam em barracas. Forte, pungente.
SOUNDCHECK:
«ALL TOGETHER NOW» - The Farm. No Natal de 1990 pedi aos meus pais uma coletânea chamada Hit Parade. Calma, não me fuzilem. Era a única maneira de arranjar esta música. Pelo menos no ponto de vista de um puto de 12 anos, mais preocupado em garantir que no dia a seguir havia uma bola a saltar no pátio da escola.
14 anos depois, já o puto andava armado em expert musical e a ouvir coisas estranhas, a mesma música foi reaproveitada para a banda sonora do Mundial de 2004. E soube-me tão bem voltar a trautear o refrão: All together now, all together!.
PS: «AMOK», dos Atoms for Peace. Projeto paralelo do maior génio da música contemporânea, Thom Yorke. Enquanto não sai o novo dos Radiohead, nada melhor do que matar as saudades e o vício com este álbum novinho em folha. Foi lançado a 25 de fevereiro.
VIRAR A PÁGINA:
«101 CROMOS DA BOLA» - Rui Miguel Tovar. Uma centena de textos maravilhosos, a puxar à paixão pelo futebol romântico, estampado nas cadernetas da bola. Há cromos para todos os gostos, estórias inacreditáveis, relatos deliciosos. Publicado em 2012, só muito recentemente tive a oportunidade de o ler de ponta a ponta. Mea culpa!
«PLAY» é um espaço de opinião/sugestão do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Pode indicar-lhe outros filmes, músicas, livros e/ou peças de teatro através do e-mail pcunha@mediacapital.pt. Siga-o no Twitter.
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