A figura: Rodrigo

Fez o quinto golo em quatro jogos consecutivos pelo Benfica e o segundo na Taça de Portugal. Está com a corda toda e ameaça tornar-se num especialista em golos rápidos. Entrou, tocou uma vez na bola, fez golo e resolveu a eliminatória. Há mais alguma coisa para dizer? Muito pouco. No meio do dilúvio, foi o furacão que varreu a Naval da Taça de Portugal. E sem sujar os calções. Como o Nené.

O imitador de Higuita: Taborda

Bruno César ainda a estas horas deve estar a perguntar-se como é que Taborda, com o corpo balanceado para um lado, conseguiu negar-lhe aquele golo com o... calcanhar. O guarda-redes da Naval já justificava o destaque por esta altura, mas, com um gesto a fazer lembrar Higuita, não havia forma de não figurar entre os melhores do jogo. Mais ainda quando, pouco depois, defendeu remates de Ruben Amorim e outra vez de Nolito.

O estreante: Mora

Na estreia a titular, o uruguaio teve dificuldades em adaptar-se às condições do terreno, mas não se deixou dissolver na chuva. Enquanto teve pernas mostrou-se muito esforçado, recuando no terreno para procurar jogo. Antes da meia-hora, levou perigo à baliza de Taborda na cobrança de um livre a meio do meio-campo. De resto, foi o marcador de quase todas as bolas paradas, mas, na segunda parte, desceu de rendimento, o que se justifica com a pouca utilização que tem tido.

O inconformado: Nolito

Com a água que caiu durante o jogo, o espanhol manteve-se sempre efervescente, e em constante ebulição. Foi dos jogadores que mais correu no pantanal da Figueira da Foz, e foi o principal fornecedor do futebol ofensivo dos encarnados. Sempre no seu jeito característico de disputar cada lance com todas as ganas, o ex-Barcelona teve sempre o perigo solto nos pés. Depois de, ainda no primeiro tempo ter sido Taborda a evitar o golo do espanhol, no início da segunda parte foi a muita água acumulada à frente da baliza navalista a evitar a festa.

Outros destaques:

Edivaldo Bolívia

Foi provavelmente o jogador que teve de fazer um maior esforço para estar neste jogo. Chegado da Venezuela na véspera da partida, percebe-se bem a utilidade do bolivo-brasileiro que jogou os 90 minutos. Do lado da Naval era dos elementos com maior tarimba em jogos com um adversário tão importante e, talvez por isso, mostrou-se um dos mais esclarecidos. Muito boa a finta de corpo que permitiu a Leandrinho aparecer para criar o único lance perigoso da equipa na primeira parte. Na segunda parte, ainda fez alguns adeptos gritarem golo, mas a bola que sobrevoou Eduardo saiu caprichosamente ao lado da baliza.

Aimar

Não era um jogo feito à sua medida, com um terreno muito pesado que, além de obrigar os jogadores a um esforço extra, impedia a bola de circular, como o maestro argentino tanto gosta. Apesar disso, «El Mago» adaptou-se e conseguiu fazer o perfume do seu futebol sobressair do ensopado da relva. A espaços, conseguiu fazer crer que os retalhos de chuva mais não eram do que pozinhos da sua magia. Ciente dos limites, não deixa de ser importante a forma como parece saber gerir o esforço. Na segunda parte, foi o primeiro a ser substituído, já a pensar em outros... teatros.

Público: também se compreende

Em época de crise, os adeptos têm de fazer escolhas. E se o futebol pode ser considerado um bem supérfluo, mais se torna quando em causa está uma prova extra-campeonato. Junte-se-lhe uma noite de invernia, com muita chuva e algum frio, e eis, grosso modo, o manancial de explicações para os cerca de 1500 espectadores que estiveram na bancada. Foi a mais fraca assistência na visita de um grande à Figueira. Nem deu para fazer receita.