Três nulos depois, o Sporting voltou aos golos e aos triunfos com uma eficácia tremenda, frente ao Marítimo. Numa noite fria em Alvalade, com as bancadas quase despidas, o leão rugiu para a vitória pelo talento que brota da Academia, por um reforço que o teima ser, uma bola parada e um guarda-redes inspiradíssimo que fez com que os arrepios não passassem disso mesmo.

Nacional, FC Porto e Estoril. Por razões diversas, o leão não tinha marcado [nem sofrido] frente a estes adversários. Leonardo Jardim assumiu a insatisfação da equipa que mais golos tem no campeonato e atirou-se à Taça da Liga a dizer que o jogo era decisivo. Saiu dele com um 3-0. Para além dos pontos, sai com um saldo que pode ser importantíssimo nas contas finais. Mas também fica um alerta para o que vem aí.

Um ataque novo

Não terá sido por estar insatisfeito com Carrillo, Wilson Eduardo [nem no banco] e sobretudo Montero que Jardim mudou toda a ofensiva leonina. Os números do colombiano e a utilização regular dos dois extremos obrigam a esta leitura. Por isso, as mexidas no ataque só podem ser entendidades como rotação. E, na verdade, de um lado ao outro, os três da frente contribuíram para o triunfo. Carlos Mané marcou o primeiro, com Slimani na construção; Capel assistiu no segundo.

Jardim deu oportunidades ainda a Vítor, a Dier e a Marcelo Boeck. Foi o guarda-redes que agarrou melhor a ocasião, muito por culpa de um Marítimo apostado em fazer golos, porque a prova é por pontos, mas é curta demais para se pensar em empates.

Desde cedo se perceberam movimentações tipo na partida. Slimani servia de pivô ao ataque. Recebia o encosto dos centrais e depois abria, ora para Vítor, ora Adrien. Quase sempre para este, mais em jogo e dinâmico, com aberturas para os extremos. Do outro lado, bola muitas vezes para o espaço entre Jefferson e Rojo, o sítio para onde descaía Derley, preferencialmente.

Ora, foi com aquela primeira ideia que o Sporting chegou ao golo. Ou melhor, não foi só por aquilo, porque o talento ainda resolve estas coisas. Quando Carlos Mané recebeu de Adrien, que tinha recebido de Slimani, esperou-se que o rapaz voltasse a tentar o que instante antes tinha feito: bola para dentro, para o meio e remate. Agora num arco perfeito, num golaço a dar vantagem à equipa que entrou melhor no jogo.

Esse cenário inverteu-se, porém. O Marítimo conseguiu romper a defesa leonina, sobretudo pelo tal sítio entre Rojo e Jefferson, e minutos depois de Carlos Mané sorrir com o primeiro golo da carreira sénior, Marcelo Boeck começou uma série de três defesas a evitar o empate: aos 25 minutos a remate de Danilo, aos 30 a negar duas vezes o golo a Heldon. O Marítimo assumia a partida, com o leão a tentar transitar rápido para o ataque, mas só por mais uma vez no primeiro tempo a causar algum perigo no lado oposto.

Marcelo sempre em alta

A primeira transição do segundo tempo redundou em golo, porém. O que o Sporting não conseguia resolver cá atrás, até Marcelo, entenda-se, conseguiu solucionar na frente. Jogada rápida de Capel,o Marítimo descompensado e Vítor também a estrear-se a marcar pelo leão.

Supostamente, estas coisas devem tirar ânimo a uma equipa. Uma equipa que busca o empate, vem do intervalo com essa ideia e, na primeira jogada em que tem de defender a sério, sofre o 2-0. Mas o Marítimo não se rendeu. Continuou a ser mais rápido e agressivo a meio-campo e com isso ganhar espaços na defesa do leão. Mas houve sempre Marcelo. E o guardião brasileiro continuou com a série de defesas, mesmo para lá do 3-0, concluído num canto por Rojo.

Em suma, a boa notícia é que o Sporting voltou aos triunfos. Voltou aonde tinha ficado, num 3-0 ao Belenenses, e leva oito partidas sem sofrer golos. Em suma, há um aviso também, mesmo que a noite tenha sido de rotações. Marcelo Boeck foi figura demais na partida.