Nada corre bem ao Marítimo de Cláudio Braga. Dez jogos oficiais sem vencer e com a agravante de este domingo ter sido eliminado da Taça de Portugal, vergado a uma derrota pesada (0-3) na receção ao Feirense. Já a formação de Nuno Manta Santos regressou a casa com o sentido de dever cumprido. Teve a sorte do jogo, ao marcar nos momentos certos, mas também exibiu uma confiança muito superior à do seu adversário.

Entrou melhor do Marítimo, com Joel, logo aos 6 minutos, a cabecear com muito perigo à malha lateral, após assistência bem medida de Edgar Costa desde a direita. A equipa de Cláudio Braga apresentava-se solta e jogava com rapidez, procurando as alas.

FILME DO JOGO

A defensiva fogaceira ia controlando o ímpeto atacante inicial do Marítimo sem correr riscos, optando por ceder cantos: três à entrada para o minuto dez. Mas acabou por ser o Feirense a chegar ao golo e na primeira vez que se aproximou da grande área madeirense. João Silva recebeu o esférico a uns bons 25 metros da baliza e, com tempo e algum espaço, só teve de tirar as medidas da baliza e encher o pé direito para um grande golo.

Se a turma de Nuno Manta Santos passou a jogar com mais à vontade, o sentimento contrário apoderou-se do conjunto madeirense. O médio croata Vukovic, dois minutos depois do golo sofrido, e Ricardo Valente, aos 22m, dispuseram de boas oportunidades para empatar, com ambos a serem servidos em plena grande área.

O que veio a acontecer é um dos filmes mais vistos no futebol. Quem não aproveita, arrisca-se a ser castigado… Aos 38m, Babanco rematou algo enrolado e a bola passou por Lucas Áfrico para ser emendada por João Silva. Eficácia extrema, embora com alguma sorte à mistura, por parte da formação de Santa Maria da Feira.

O segundo golo dos visitantes irritou as bancadas, com alguns adeptos a exibirem lenços brancos e a assobiarem a equipa e sobretudo Cláudio Braga. O intervalo chegou pouco depois com o Marítimo a tentar reduzir a desvantagem, mas do outro lado estava uma equipa cada vez mais segura do que estava a fazer.

A segurança do Feirense em todos os processos de jogo acentuou-se no segundo tempo, em claro contraste com a descrença crescente dos madeirenses. Tudo ficou decidido ao 62 minutos, quando João Silva, serviço por Tiago, atira em plena área sem hipóteses para Charles.

Pouco depois, Cláudio Braga operou uma dupla substituição, procurando mais profundidade e frescura no ataque. Demasiado tarde, como se veio a verificar no que faltava jogar. Com a equipa de Nuno Manta Santos a gerir a vantagem, ora explorando as transições rápidas, ora temporizando, o tudo ou nada do Marítimo fez-se sempre mais com o coração do que com a cabeça.  

O Marítimo conseguiu chegar mais vezes ao último reduto fogaceiro no segundo tempo, mas foi sempre o Feirense que esteve mais perto de marcar. Tiago Silva, na cobrança de um livre direto, e depois com um belo pontapé do meio da rua, obrigou Charles a duas grandes defesas. Pelo meio, Joel ainda cabeceou, dando a hipóteses a Bruno Brígido de posar para a fotografia.

Nos minutos finais, os adeptos do Marítimo chegaram a entoar 'olés' quando o Feirense tinha a posse de bola. Quando o apito final chegou, os cerca de 2500 espectadores não perdoaram a equipa e o técnico, com este a ser brindado com lenços brancos e uma monumental assobiadela.

 

Taça de Portugal - Marítimo - Feirense: 0-3 (2-0 ao intervalo)

Estádio do Marítimo

2500 espectadores (aproximadamente). Jogo da quarta eliminatória da Taça de Portugal

Árbitro: João Capela (AF Lisboa)

Marítimo: Charles, Bebeto, Zainadine, Lucas Áfrico e Fábio China; Jean Cléber (Barrera, 65), Vukovic e Edgar Costa (Ibson, 78’); Correa, Joel e Valente (Rodrigo Pinho, 65). Suplentes do Marítimo: Amir, Marcão, Ibson, Rodrigo Pinho, Rúben Ferreira, Barrera e Fabrício. Treinador: Cláudio Braga.

Feirense: Bruno Brígido, Edson Farías, Briseño, Nascimento e Tiago Gomes; Babanco, Cris (Alphonese, 78) e Tiago Silva; Machado (Brian, 69), João Silva e Sturgeon (Diga, 84). Suplentes do Feirense: Caio Seco; Diogo Almeida, Rodrick, Brian Gomez, Kasse, Edinho, Vítor Bruno. Treinador: Nuno Manta Santos.

Golos: 1-0, João Silva, 11 minutos; 2-0 Luis Machado, 38; 3-0, João Silva, 62;    

Disciplina: Cartão amarelo para Sturgeon (21), João Silva (40), Luis Machado (49), Cris (53), Bruno Brígido (70’), Zainadine (79), Barrera (87).