A figura: Matías Fernández

Um bom início de jogo, sem nunca fugir ao papel de armador principal do ataque leonino. Antes do golo, já tinha feito muitas coisas boas. No lance do 1-0, esperou pela desmarcação de Ricky van Wolfswinkel e serviu o holandês, como já descobrira outros colegas na frente de ataque. Em menos palavras, teve classe em campo e desequilibrou o miolo. A favor do leão, claro. Fugiu a adversários e levou sempre o Sporting para caminhos mais próximos da baliza de Nilson. O talento de Matías é, por vezes, demasiado intermitente para o que o leão precisa. Mas nesta noite da mulher leonina, vindo de um grande jogo individual frente ao ManCity, foi daqueles que mais beijos para o ar recebeu das bancadas. É uma questão de confiança, apenas? Talvez, mas mereceu ser abraçado pelo 2-0, num golo em que no melhor jogador em campo, caiu a bola.

O momento: minuto 50

O Sporting ganhava e apresentava sinais positivos, de confiança. Ainda assim, era bom ser cético em relação ao Vitória. Quando Matías fez o 2-0, o leão sossegou e só precisou de olhar para ele próprio. Encheu o peito de ar e arrancou para um triunfo gordo.

Outros destaques

Van Wolfswinkel

Não marcara nos últimos seis jogos que fizera, não marcara na liga desde novembro, não fizera um golo de bola corrida, no campeonato, desde Setembro. Mas fez este domingo. O holandês tirou um peso dos ombros e respirou de alívio, visível pelo modo como celebrou o golo. Sem correrias, sem um salto com punho no ar. Apenas um respirar fundo de quem acabou com a seca de golos. Van Wolfswinkel parecia sem confiança nele próprio (teve sempre a dos treinadores, diga-se), mas ganhou alento com um golo em remate cruzado, com a bola, lentamente, a encaminhar-se para a baliza de Nilson. Demorou uma eternidade, quase tanto quanto o holandês a fazer novo golo na carreira. Mas entrou, e Van Wolfswinkel deu vantagem ao Sporting. Um golo precioso. Precioso para a equipa, mas ainda mais para o holandês.

Diego Capel

O espanhol é daqueles que se deixa contagiar e contagia ao mesmo tempo. Com o Sporting por cima, arranca naquele jeito que tem de bola no pé e olhos no chão, para depois cruzar para a área. Foi assim que nasceu o 2-0, foi também assim que Van Wolfswinkel perdeu ocasião de cabeça. Há muito tempo que não jogava assim e, a alegria a voltar a Alvalade, passará sempre pelos pés de Capel.

Izmailov e Jeffrén

Fala-se na classe de Matías, na alegria de Capel e onde fica Izmailov? Fica naquele conjunto de jogadores que qualquer treinador gosta de ter, que nunca viram a cara a uma adversidade e que, tão ou mais importante, acrescentam qualidade essencial à equipa. O russo não é exuberante, mas joga com uma certeza incrível e voltou aos golos em Alvalade, de penalty, depois da jornada 3. Por falar em regressos, Jeffrén não jogava desde 29 de Janeiro. Tinha um golo na liga, naquela mesma jornada 3. Esta noite, apontou mais, o primeiro, num golaço de fora da área! A ausência dos relvados aumentou-lhe tanto a fome que, depois, arrancou pela área e só terminou quando se saciou com o segundo da conta pessoal, quinto do leão.

Urreta

Veio para o jogo como quem vai para a guerra. De cabelo rapado e sem receios. Atuou pelo flanco direito onde pôs sempre Evaldo em perigo. Usou e abusou da rapidez, como se viu naquele lance aos 60 minutos. Aí, arrancou pelo meio do terreno, sem se importar com o que ficara para trás (o leão reclamou uma falta sobre Elias) e serviu Edgar, que atirou ao lado. De uma entrega enorme.