Estofo, garra, qualidade, estilo e confiança. O Sp. Braga tem tudo o que precisa um candidato ao título. O derby do Minho provou que o grupo de Leonardo Jardim, agora a três pontos da liderança, terá de ser levado bem em conta porque, em abono da verdade, está a jogar como poucos e, com toda a calma, passou por cima da equipa que provocou a primeira derrota na Liga ao Benfica.

A goleada de 4-0 espelha bem a diferença entre as duas equipas e descobre a carapuça: o Sp. Braga é candidato ao título. Mais ou menos assumido.

É verdade que muito do conforto que o Sp. Braga colocou em campo foi oferecido numa bandeja pelo rival. Duas saídas em falso de Nilson ditaram dois golos em outros tantos lances de bola parada. Inadmissível. Elderson e Custódio até pareceram algo atarantados no instante em que a bola ia entrando na baliza.

Os destaques do jogo

A expulsão de Freire, por agressão a Hélder Barbosa, foi a sentença final. O jogo ficava resolvido à meia hora de jogo. Era difícil prever que, com dez, o Vitória conseguisse o que nunca fez no período de igualdade numérica.

A forma simples como o Sp. Braga resolveu um jogo sempre delicado, até pelo peso histórico, diz muito do estofo que esta equipa já tem. Lembram-se dos ingredientes do início? Aproveitar o erro alheio foi um dos ensinamentos colhidos noutras pelejas que agora vão fazendo a diferença.

Mas o Sp. Braga mostrou outras virtudes.

Garra. Salino é o exemplo mais óbvio de um grupo de jogadores que dá tudo a cada jogo. A ascensão dos bracarenses também assenta nesse espírito guerreiro, tão bem promovido pelo clube e que ganha raízes no jogo da equipa.

Qualidade. Chegamos ao ponto chave. Por muita boa vontade que se tenha, não se fazem campeões sem qualidade. O Sp. Braga mostrou esta noite um futebol bem tricotado, com processos simples, mas que fizeram a diferença e que só não causaram mais estragos por falta de pontaria.

Ficha de jogo

Lima não esteve na mais inspirada das noites. Atirou ao lado, na cara de Nilson, na primeira parte, e repetiu a façanha, de cabeça, na segunda, após centro de Douglão, e antes de marcar o golo que o isola na frente dos melhores marcadores da Liga, de grande penalidade, já no último quarto de hora.

E para terminar o cabaz: estilo e confiança. O primeiro vem a reboque da qualidade apresentada e assenta em várias trocas de bola que soltaram «Olés» na bancada, mas foram mais que isso. A equipa progrediu, criou perigo. Praticou bom futebol, em suma. O golo de Ukra, que fecha a contagem, e o remate ao poste de Nuno Gomes, nos descontos, ilustram este parâmetro.

A ajudar a tudo isto a confiança. Se Salino representa a garra, Hugo Viana é o exemplo claro da confiança que este Sp. Braga transpira. Neste ponto é, sem dúvida, a equipa número um da Liga. Com um Benfica estranhamente nervoso e um F.C. Porto que convence a espaços, o Sp. Braga mostra-se com créditos firmados e um pecúlio já impressionante: foi a nona vitória seguida na Liga.

Pouco se falou do V. Guimarães, é certo. A equipa de Rui Vitória começou a afundar-se no golo de Elderson e só parou no apito final. Oportunidades de golo? Duas. Defendi obrigou Quim à defesa da noite ainda com o resultado em 1-0. Edgar quase aproveitou uma atrapalhação da defensiva da casa para reduzir para 2-1.

E não houve mais. Acabou engolido pelo Sp. Braga o capital de moral ganho na vitória sobre o Benfica.

São assim os candidatos. Mais ou menos assumidos.