A solidez granítica da pedreira não encontra eco na equipa do Sp. Braga. De um lado vemos uma superfície rochosa, estável, imponente. No relvado, por outra, há uma equipa titubeante, emocionalmente frágil, capaz de dar vida a um adversário com ares de moribundo. Venceu, é verdade, marcou cinco golos, continua nos lugares da Europa, mas talvez valha a pena dissecar o real significado destes três pontos.

Diante de um Paços de Ferreira imbuído da agressividade de um monge tibetano, mais pacífico do que um mestre de yoga, o Sp. Braga começou por usar e abusar de uma superioridade a roçar a arrogância. Percebeu a debilidade do oponente, como se estivesse no pátio da escola a olhar um aluno três anos mais novo, impôs-lhe uma sensação de pânico e sovou-o.

Um golo de Alan num cruzamento afortunado, outro de Lima na transformação de uma grande penalidade, mais um ou outro deixados por marcar (Lima e Mossoró, reis do desperdício). Confortável e gozão, já com o Paços ferido, o Sp. Braga fez o que nunca, mas nunca, se pode fazer. Virou as costas à vítima.

FICHA DE JOGO E NOTAS

Ao recuperar os sentidos, o Sp. Braga nem queria acreditar. O marcador já estava em 2-2. Lorenzo Melgarejo, ainda antes do tempo de descanso, deixou Quim a olhar para as nuvens e a ver passar um «chapéu» perfeito, e, já a meio do segundo tempo, Javier Cohene cabeceou para o empate na sequência de um pontapé de canto.

Leonardo Jardim teve de chamar a equipa à razão. A 20 minutos do fim apostou em Nuno Gomes e Paulo César, excluiu Mossoró e Hélder Barbosa do jogo, e a resposta não podia ter sido mais avassaladora.

Três golos repuseram ordem na hierarquia lógica da partida, dilaceraram as esperanças de uma estreia positiva para Henrique Calisto e acabaram por encobrir os muitos erros dos minhotos.

O jogo AO MINUTO

Lima, Hugo Viana e Paulo César deram ao marcador um volume injustificado e empurraram com violência o menino Paços ao chão. A obrigação do Sp. Braga está feita. Sem encantar, longe de convencer, mas está.

A ausência do fiável Paulo Vinícius deixou a defesa a abanar, o eclipse de Mossoró castra a criatividade à equipa e Leonardo Jardim tem de pensar muito bem no reforço da equipa já em Janeiro.

Quanto ao Paços, a crítica é ainda mais severa. Custa, de resto, saber que os «castores» vieram a Braga a época passada dar duas lições de grande futebol. Pizzi já lá não está, o treinador Rui Vitória anda de lança e escudo em Guimarães, as diferenças e deficiências são muitas.

O Paços acabou estatelado no recreio. O Sp. Braga saiu de cena a gargalhar. Mas com um olho negro.