Rui Vitória conquistou a confiança dos adeptos do V. Guimarães e rendeu-se ao apoio incondicional destes. Agora, espera terminar a época com algo mais que «um campeonato giro». O Jamor seria a cereja em no topo do bolo.

Sente que nesta altura os adeptos já aceitam totalmente o seu nome e a atual realidade do clube?

«Não estou preocupado com o meu nome, comigo mesmo. Acho que as pessoas já perceberam como as coisas estão. Era uma questão de sobrevivência, o clube podia não ter continuado no futebol profissional, estivemos mesmo ali no vai-não-vai! Hoje em dia, as pessoas estão mais tolerantes e compreendem a situação.»

Os adeptos acabaram por ser importantes em vários momentos da época?

«Não estou aqui para agradar aos sócios, para engraxar, mas estas pessoas tem sido impecáveis e a equipa tem retribuído. Também sei que de hoje para amanhã podemos estar a ser recebidos com problemas, como aconteceu no meu primeiro dia de trabalho, com invasão de treino e agressão a um jogador. Mas eles têm sido importantíssimos, em vários jogos, no apoio mesmo perante resultados desfavoráveis. Não há cidade que tenha este envolvimento. O Vitória é Guimarães inteiro. Até posso confessar que muitas das conversas que temos no balneário são sobre isto, sobre as dificuldades que os adeptos sentem sem nos deixar de apoiar. Fomos ao Marítimo para a Taça e tínhamos lá três pessoas, mas essas pessoas representavam toda uma cidade.»

Como encara a perspetiva de jogos à porta fechada por causa dos problemas entre adeptos no V. Guimarães B-Sp. Braga B?

«Não vou dizer se é injusto ou justo, mas se olharmos para aquele caso com rigor e seriedade, as coisas não se passaram como se quer fazer crer. Acontece muito na vida: uma pessoa que cometa um erro, se for suspeita de novo erro, é logo acusada, porque é malandra e tem aquilo no sangue. Carimbam-se as pessoas. E aqui foi isso que aconteceu. Aquilo foi num domingo e a decisão saiu na terça-feira, quando todas as outras decisões são de uma lentidão tremenda. De resto, tenho a certeza que quase todos os clubes queriam ter adeptos como os nossos. O Vitória teve vários jogos na equipa A e na equipa B sem policiamento e sem problemas. Não gostei de ver aquilo que aconteceu, mas não coloquem rótulos nos adeptos.»

A 27 de março, o Vitória defronta o Belenenses na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal. Será bom ter dez dias para preparar esse jogo?

«Nesse meio tempo, teremos jogos de seleção, perderemos alguns jogadores por causa dos sub-20, dos sub-21 e das seleções africanas. Não será a preparação que mais queríamos mas temos uma ambição muito grande! Era ímpar e importantíssimo chegar ao Jamor. Temos a consciência que o Belenenses tem uma belíssima equipa, é uma equipa de Liga, serão dois jogos muitos difíceis, mas quem chegou até aqui, depois de eliminar três equipas da Liga, fará tudo para chegar ao fim. Não queremos que nos olhem como aquela equipa que fez um campeonato giro e só isso. Lutaremos pelo Jamor e estou convencido que, se lá chegássemos, a cidade de Guimarães iria ocupar a cidade de Lisboa.

Guimarães é a Cidade Europeia do Desporto em 2013. Até por isso, seria especial conquistar algo?

«Antes de mais, é importante lembrar a relação entre investimento e rendimento. Os jogadores têm sido uns heróis, numa época difícilima, e ir a uma final seria a cereja no topo do bolo. Sou um privilegiado porque estive em Guimarães na Cidade Europeia da Cultura e na Cidade Europeia do Desporto, agora só falta qualquer coisa que marque definitivamente este percurso. Era giro, vamos fazer tudo para o conseguir, mas podemos não conseguir».