O V. Guimarães ocupa nesta altura a 5ª posição na Liga, ultrapassando as marés incertas e os problemas que se arrastam. Um registo louvável sob o comando de Rui Vitória.

Com a manutenção assegurada (30 pontos), os adeptos pensam na Europa, o treinador não deixa de pensar na equipa B que pode cair na II Divisão e perspetiva já a receção ao Benfica.

Com a manutenção assegurada, pode agora pensar em algo mais?

«Sabemos que agora podemos trabalhar com mais tranquilidade, isso é importante para trabalhar o futuro, mas também não podemos esconder que os problemas continuam a existir. E temos também de olhar para a equipa B. Podemos ter de hipotecar um ou outro objetivo para pensar no futuro do clube.»

Admite sacrificar objetivos e poupar jogadores na equipa A para ajudar a equipa B que luta para evitar a descida na II Liga?

«É uma possibilidade. A equipa A está numa situação estável e podemos pensar na B. Mas tudo tem de ser pensado de forma global, porque queremos sempre mais. Acho que é importante, pela grandeza do Vitória, ter a equipa B na II Liga. Mas o mais importante é a porta aberta na equipa principal. Não pode haver drama sobre isso.»

Certo dia, disse que estava no banco a pensar se colocaria o jogador A ou não porque se o fizesse ele já não podia jogar na equipa B, no dia seguinte. Como se lida com isto?

«É uma questão pertinente, porque a nossa equipa técnica tem lidado com essa realidade: estar numa equipa como o Vitória a pensar que um minuto daquele jogador em campo compromete a sua presença na equipa B, no dia seguinte. Não é fácil. Aconteceu várias vezes, mas não digo isto com carga dramática. Só para mostrar que o clube é muito grande mas temos atualmente de lidar com estas coisas.»

Até por isso, acha que a polémica regra das 72 horas não foi bem elaborada?

«Não foi. No futebol profissional, qual é o problema de um jogador fazer uns minutos e depois jogar no dia seguinte pela B? Andámos a desgastar neurónios para contornar a regra das 72 horas, para não cometer esses erros. Devia arranjar-se um meio termo.»

Entretanto, as dificuldades no clube dificuldades subsistem, não é?

«Este grupo tem sido decisivo para que o clube tenha condições para pensar no seu futuro. Podíamos estar aqui numa situação dramática, do ponto de vista desportivo. O problema que o Vitória teve e tem não se resolve de um dia para o outro, e acho que descobrir jogadores, trabalhá-los, valorizá-los é o caminho. Mudámos a filosofia e há agora uma identificação muito grande dos adeptos com a equipa pela entrega, por serem jogadores de formação. Acho que a maioria dos clubes terá de fazer o mesmo.»

O Vitória recebe o Benfica na próxima jornada. O que espera desse jogo?

«O futebol português está bipolarizado, Benfica e Porto estão um nível acima das outros. Espero um jogo difícil perante uma equipa que ganhou alento com o empate do Porto na jornada anterior. Mas se há campo em que o Benfica joga mesmo fora, é no D. Afonso Henriques. Nos outros estádios, o Benfica leva muita gente e tem larga maioria. Mas no Dragão, em Alvalade e aqui em Guimarães não. Vamos ter o público do nosso lado, será um adversário muito difícil mas neste momento estamos numa situação mais tranquila e iremos à procura da nossa sorte.»

O jogo do Benfica em Bordéus a meio da semana pode facilitar a missão do Vitória?

«Tem de se começar a perder essa lógica do desgaste. Quando se começa a jogar quarta e domingo, o organismo ganha essa dinâmica e não o fazer até é pior. Não acredito muito nessa lógica do desgaste. Quem me diz que uma passagem frente ao Bordéus não será mais motivador para o Benfica e chegará a Guimarães com níveis máximos?»