Carrillo cruza, Slimani deixa a bola passar, Mané finaliza. O plano B do Sporting a funcionar em pleno, garantindo uma reviravolta importante em Vila do Conde. Perante um Rio Ave superior ao longo da etapa inicial (mas sem capacidade para acompanhar o ritmo na última meia-hora), os leões garantiram um triunfo providencial.

1-2 a provar que há soluções no plantel leonino. Essa é a boa notícia. Há fé, entusiasmo e alternativas com capacidade para resolver problemas bicudos. Resta uma má notícia após esta 20ª jornada da Liga: o esquema habitual de Jardim não apresenta o mesmo dinamismo dos primeiros meses. Está a tornar-se compreensível e anulável para os adversários.

O Rio Ave apresentou-se com uma qualidade interessante e garantiu mesmo supremacia durante cinquenta minutos. Recuou após o golo e não teve capacidade física para impedir a cambalhota no resultado.

Leonardo Jardim surpreendeu em Vila do Conde mas não por colocar Islam Slimani no onze. O argelino ficou no banco de suplentes, o ponto de partida para as suas exibições mais influentes. A grande surpresa foi Wilson Eduardo, surgindo no onze em vez do jovem Carlos Mané.

Carlos Mané garantira o triunfo frente ao Olhanense mas o treinador considerou que este não seria um jogo à medida das suas caraterísticas. Uma opção que levantou interrogações, até porque o Sporting ganhou pouco com a troca. Aliás, Mané viria a entrar ao intervalo.

Perda do controlo a meio-campo

O grande problema dos leões girou em torno do seu setor intermediário. Após quinze minutos interessantes, com vários cantos conquistados, a formação de Alvalade tornou-se óbvia para o seu adversário, que passou a controlar as ofensivas contrárias e a acercar-se da baliza de Rui Patrício.

Nuno Espírito Santo, que apresentava um registo impressionante frente ao Sporting (três vitórias e um empate em quatro jogos), viu-se obrigado a mudar o flanco direito. Sem Lionn nem Ukra, o Rio Ave surgiu com Nuno Lopes – irmão gémeo de Miguel Lopes, cedido pelos leões ao Ol. Lyon – e Pedro Santos.

O meio-campo da equipa de Vila do Conde foi vencendo inúmeras batalhas, mostrando-se mais equilibrado que o trio composto por William Carvalho, Adrien Silva e André Martins. Este último assinou uma exibição sofrível, pouco aparecendo em jogo. Seria sacrificado ao fim de quarenta e cinco minutos.

Tarantini deixou o primeiro aviso. Ao 11º minuto, o capitão do Rio Ave surgiu à entrada da área e arrancou um belo pontapé, fazendo a bola passar ligeiramente ao lado da baliza de Rui Patrício. Filipe Augusto foi um belo complemento para o médio português e, mais à frente, o irrequieto e criativo Diego Lopes criava vários desequilíbrios.

Fredy Montero, após dez jogos sem marcar (e assim continua), entrou em campo para colocar um ponto final no jejum mas começou por destacar-se com uma simulação, procurando conquistar uma falta à entrada da área. Quinto amarelo e o colombiano a falhar o próximo compromisso dos leões, frente ao Sp. Braga, tal como Adrian.

O Rio Ave, repete-se, começou a tomar conta do jogo e iria dispor da melhor oportunidade na etapa inicial. Grande corte de Filipe Augusto, Braga a servir Diego Lopes na área e este a rodar para um desvio providencial de Maurício. Na recarga, foi Hassan a atirar para defesa de Rui Patrício!

A semana infeliz de Maurício

Pouco Sporting até ao intervalo. E o pior viria depois, já com Carlos Mané no lugar de André Martins. Erro tremendo de Jefferson, Pedro Santos a ganhar com raça e a lançar Diego Lopes. Mais uma vez, o brasileiro em ação. Diego tentou o passe para Hassan, Maurício desviou e acabou por enganar Patrício.

Um autogolo para quebrar o nulo. Maurício, que escapara com uma multa após ligeiro excesso de álcool numa Operação Stop, a ficar ligado à história do encontro pelos piores motivos. Sem grandes culpas, saliente-se.

Leonardo Jardim respondeu de imediato. Slimani entrou para o lugar de Wilson Eduardo, uma aposta pouco feliz para esta noite. Coincidência ou não, o Sporting despertou. Heldon atirou ligeiramente ao lado e, minutos depois, Fredy Montero fez o mesmo. Com uma hora de jogo, o leão mostrava as garras. 

Catorze minutos a altas rotações

O empate surgiria com naturalidade, face ao bom período da formação visitante, ao minuto 70. Jefferson redimiu-se pela perda de bola no 1-0 e conquistou espaço no flanco esquerdo, tirando um cruzamento largo para o segundo poste. Slimani agradeceu. Mais forte que Rodriguez (sim, esse), cabeceou com fulgor para a baliza do Rio Ave.

A equipa de Vila do Conde não conseguia sacudir a pressão emergente. Pouco depois, Ederson voou para evitar novo golo de Slimani. Uma vez mais, o argelino demonstrava a especial apetência para marcar como suplente utilizado.

O plano B do Sporting funcionava em pleno. André Carrillo foi o último homem a saltar do banco e seria ele a cruzar para o 1-2. Bola da direita, Islam Slimani a não se intrometer e Carlos Mané a rematar em rotação. Golo de belo efeito e festa tremenda dos leões em Vila do Conde. Triunfo arrancado a ferros.