O Procurador Geral da República considera um risco «muito grande» a ligação dos magistrados ao futebol. Pinto Monteiro, que já foi presidente do Conselho de Justiça da Federação, disse em entrevista ao Público que, se fosse hoje, rejeitava o cargo. Noutra entrevista, à RTP, Pinto Monteiro falou do Apito Dourado e manifestou-se convicto de que «até ao Verão haverá respostas e alguma coisa vai mudar no futebol».
O PGR revelou que o processo que investiga suspeitas de corrupção no futebol, entre outros crimes, já deu origem a quatro acusações, «duas das quais na Madeira», e defende que «há possibilidades de haver mais acusações».
Classificando o processo como «uma matéria muito difícil, complicada e morosa», Pinto Monteiro disse que o livro de Carolina Salgado, ex-companheira de Pinto da Costa, é apenas «mais um elementos probatório». «Se o livro não existisse os processos decorriam na mesma. Ele é um dos muitos elementos probatórios», afirma.
Ao Público, Pinto Monteiro defendeu que «há ingredientes bastantes no futebol para haver corrupção». Quanto à presença de magistrados nos órgãos de justiça do futebol, defendeu que «é um risco muito grande, de que a sua dignidade (dos magistrados) possa ser posta em causa e ser discutida na praça pública». O PGR defende que na altura em que lá esteve «não havia problema nenhum que o impedisse», mas agora é diferente: «Hoje, com a confusão que aí vai, se me convidassem, não aceitava.»