O triunfo do Paços de Ferreira em Tondela colocou os «castores» nos oitavos-de-final da Taça de Portugal, naquela que foi a primeira vitória de Henrique Calisto ao comando do conjunto pacense.

Depois de um início de época muito conturbado, com um clima de forte contestação a Costinha e uma série muito negativa de resultados, tanto na Liga como nas competições europeias, o Paços foi, em poucos meses, do céu ao inferno.

Com Paulo Fonseca, a equipa da Capital do Móvel assinou a sua melhor época de sempre, com um histórico terceiro lugar (sendo que em todo o campeonato, o Paços só perdeu com Benfica e F.C. Porto) e consequente acesso ao «play-off» da Champions.

Fez-se de tal modo história na Mata Real que Paulo Fonseca teve ingresso direto de Paços para o Dragão, passando a ser o treinador do F.C. Porto.

Gerou-se, assim, uma questão de sucessão no comando técnico do Paços de Ferreira. A escolha de Costinha, que não conseguira evitar a descida do Beira-Mar, foi polémica desde o dia 1. Mas poucos imaginariam o grau de conturbação que viria a criar nos meses que se seguiram.

Carlos Barbosa, o ainda presidente do Paços, assumiu sempre a escolha de Costinha e o avolumar dos maus resultados acirrou as diferenças de visões entre a direção do clube e os adeptos pacenses.

No auge da contestação ao anterior técnico, o copo transbordou para Carlos Barbosa. O presidente do Paços bateu com a porta e garantiu que não se recandidatará.

Fernando Sequeira, antecessor de Carlos Barbosa no cargo e atual presidente da AG, tentou pôr água na fervura e fez apelo público a Barbosa no sentido que reconsidere.

«Dossier» eleições definido para a semana

O Maisfutebol perguntou várias vezes, mas a resposta do ainda presidente do Paços nunca saiu clara: agora que as coisas estão um pouco mais calmas em Paços, será que Carlos Barbosa admite reconsiderar? «Não quero falar sobre isso para já. Estamos a ver as coisas, com calma, estamos a ver o que se pode fazer para o futuro. Estou a conversar com o presidente da Assembleia Geral, para a semana deverá haver novidades sobre a marcação de eleições».

Carlos Barbosa, o presidente que levou o Paços à Champions, decidiu demitir-se depois dos meses de contestação a Costinha. Ainda escolheu Henrique Calisto. Será que ainda vai a tempo de mudar de ideias? Parece que não vale a pena insistir na pergunta... «Não falo sobre isso para já», repetiu o dirigente.

«Nem sequer equacionamos a descida»

O Paços seguiu em frente na Taça, mas continua muito mal na Liga. É último, com apenas cinco pontos, fruto de uma vitória na Madeira, frente ao Marítimo (3-4) e de dois empates (em casa com o V. Setúbal, ainda no tempo de Costinha, e um nulo em Arouca, na estreia de Calisto).

Vamos para a décima jornada, primeiro terço da prova já cumprido, e o Paços ainda não conseguiu ganhar um jogo em casa. No próximo domingo, com o Belenenses, Henrique Calisto terá a hipótese de confirmar o bom começo com mais essa barreira ultrapassada: a de um primeiro triunfo na Mata Real, esta época.

Ainda que assuma que «as coisas não têm corrido bem até agora», Carlos Barbosa, em declarações ao Maisfutebol, é perentório: «Nem sequer equacionamos a descida de divisão. O Paços ainda tem muito campeonato para recuperar».

«Temos um bom plantel»

Certo, certo é que, quase com um terço da Liga já passado, o Paços é o mais do que improvável «lanterna-vermelha» da prova.

Carlos Barbosa desdramatiza e lembra: «Temos um bom plantel, com jogadores de qualidade. Vamos melhorar».

«Calisto tem muita experiência»

Henrique Calisto está ainda em fase de arranque, depois de ter pegado num Paços à beira de um ataque de nervos.

Os primeiros resultados são contraditórios: empate sem golos em Arouca, para a Liga; derrota na Ucrânia para a Liga Europa; vitória, no último minuto, em Tondela, para a Taça.

Para Carlos Barbosa, «Henrique Calisto tem feito os possíveis». «Sabemos da sua competência. Ele é um técnico muito experiente. Pode ajudar o Paços nesta fase difícil para a equipa».

«Os adeptos não gostavam do Costinha»

O presidente demissionário do Paços fez até ao fim a defesa de Costinha (algo que, de resto, o ex-treinador do clube já reconheceu publicamente, dando conta de que a relação pessoal entre os dois foi sempre «de grande lealdade»).

Em jeito de desabafo, Carlos Barbosa comentou ao
Maisfutebol: «Os adeptos nunca gostaram do Costinha. Não gostavam mesmo nada, a verdade é essa. Agora as coisas talvez estejam um pouco mais calmas, esperemos que isso ajude a equipa».