O Sp. Braga deixou-se envolver pelo clima da Liga dos Campeões e foi uma sombra de si mesmo no retorno à realidade portuguesa. O P. Ferreira garantiu o primeiro triunfo na Liga 2012/13 com inteira justiça, graças a golos de Cohene e Hurtado (2-0).

O Man. United, adversário milionário dos arsenalistas que assistia a tudo nas bancadas da Mata Real, terá ficado entusiasmado. Não se deixe iludir pelas aparências.

Destaques: Cícero e os outros

O regresso ao quotidiano é penoso. Nesta altura, os saudosistas partilham histórias das férias em locais paradisíacos enquanto procuram recuperar o entusiasmo pela rotina diária. É um processo complexo, uma luta interior para a readaptação a costumes perdidos numa deambulação por um cenário idílico.

Selar o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões em pleno Stadio Friuli, recinto da Udinese, é uma coisa. Luta pela vitória na humilde mas difícil Mata Real é algo necessariamente diferente. O cansaço físico não justifica 45 minutos perdidos pelo Sp. Braga em Paços de Ferreira. Os conflitos mentais, por outro lado, explicam tudo.

Peseiro e a euforia: «Teria de ir a uma clínica»

Nesta equação, mais que lembrar a ausência de Lima, importa salientar o mérito do Paços. Equipa séria, gente de trabalho e focada num único objetivo. Sem espaço para deslumbramentos ou altivez, chegou à vantagem por intermédio de Cohene e justificou a vantagem. Para eles, só há isto. E chega.

O Sp. Braga sentiu dificuldades no regresso à realidade doméstica e a surpresa reservada por Peseiro não surtiu os efeitos desejados. Paulo César derramou gotas de suor sem compensar a falta de acutilância das unidades mais influentes. Éder não é Lima mas, uma vez mais, essa justificação seria redutora.

Eclipse das peças fundamentais

Hugo Viana e Alan, sobretudo, falharam o que normalmente acertam e o primeiro seria mesmo sacrificado ao intervalo. O Paços de Ferreira, apresentando o possante Cícero na frente e o regressado Antunes (bem mais maduro e igualmente talentoso), ganhava a maioria dos lances aéreos e criava perigo através de bolas paradas.

Ao 12º minuto de jogo, Antunes disparou de livre para belíssima defesa de Beto, um dos heróis de Udine. Na sequência do canto, Cohene cabeceou sem oposição para o tento inaugural.

O P. Ferreira segurou a vantagem sem grande dificuldade, na etapa inicial. Éder foi o único a criar verdadeira sensação de perigo para a baliza de Cássio, com um cabeceamento por cima da trave. O mesmo Éder que, ao minuto 51, atiraria em rotação ao poste.

Golo anulado e estocada pacense

Ao intervalo, José Peseiro abanou a sua equipa e lançou Mossoró. Os arsenalistas, agora mais concentrados, entraram com outro entusiasmo. Antes do remate ao poste de Éder, Paulo César marcou mesmo mas o lance foi anulado por carga do ponta-de-lança português sobre Cássio. A falta não é clara. Ainda assim, a jogada teve início num desvio de Custódio com o braço, não sancionado.

Os homens de Paulo Fonseca foram recuando no terreno de jogo e Cássio viu-se obrigado a voar para evitar o golo de Ruben Micael. O efeito, porém, durou pouco. Com o tempo, o Sp. Braga regressou a idêntico marasmo e tornou-se presa fácil para o Paços de Ferreira.

Os castores criavam sensação de perigo em lances de contra-ataque e chegariam ao 2-0 num desses momentos, ao minuto 80. Passe de Cícero a isolar Hurtado e primeiro golo do reforço peruano na Liga portuguesa. Resultado justo.

Nota para um desentendimento entre Ruben Micael, Antunes e Josué no final do encontro. Apenas trocas de palavras no relvado, sem consequências de maior.