Rematar com os dois pés e não cair é obra. Mas não tente isso em casa, caro leitor. Pode aleijar-se. A não ser, claro, que tenha uma mesa de matraquilhos. Nesse caso, não hesite: chute sem receio com os pés que tiver mais à mão, seja o mestre do golo, improvise fintas, torne-se no mago dos matrecos. Sonhe chegar ao Campeonato do Mundo!
Sim, tudo isto pode tornar-se realidade. O mais provável é que já não vá a tempo de participar no próximo, mas não desanime. O Mundial 2010 de matraquilhos realiza-se em Nantes (França) entre os dias 6 e 10 de Janeiro. Junte-se ao Maisfutebol e venha connosco à descoberta deste desporto. Prometemos não o levar a cafés bafientos e mal iluminados. Os matraquilhos do século XXI são muito mais chiques.
Um goleador feito numa grade de cerveja
Vitor Fonseca, seleccionador nacional, é o nosso cicerone. «Este já não é um jogo de café, associado aos copos. Graças ao esforço da federação, os matraquilhos são um desporto sério», avisa, certo do «futuro brilhante» da modalidade. «Temos vários torneios em Portugal, muitos atletas federados e, a maior parte deles, licenciados.»
Beber cerveja e fumar? Esqueça
Ser bom nos matraquilhos não é para qualquer um. Muito menos a este nível, tão alto. Não basta ser um cliente assíduo de salas de jogos, sorver cervejas com sofreguidão e/ou encher os cinzeiros com beatas moribundas. Isso era no antigamente. Hoje, quem quer ser um verdadeiro matraquilhista tem de preencher vários requisitos: «grande espírito de sacrifício, concentração máxima e assiduidade aos treinos».
«Além da técnica, naturalmente, para se jogar bem há que possuir uma boa preparação física. Principalmente ao nível dos membros superiores», esclarece Vitor Fonseca, o seleccionador nacional. «Além disso, as exigências da federação são altas. Em qualquer prova oficial, os jogadores têm de estar devidamente equipados e ostentar o logótipo do clube e da FPM. No estrangeiro também já se exige luvas, em Portugal ainda não.»
Fez nove golos? Então está de parabéns
Para vencer uma partida no Mundial, não basta fazer um golo. Nem dois, nem três. No mínimo, são necessários nove golos. «As partidas são jogadas à melhor de cinco. Cada jogo acaba ao terceiro golo marcado por uma das equipas», explica Vitor Fonseca.
Mas, afinal, qual o papel do seleccionador nacional numa partida? Qual o seu campo de intervenção? Escolher a táctica, como é fácil perceber, está fora de questão. «Não posso dialogar com o meu jogador durante uma partida. Mas tenho de preencher toda a documentação, escolher as duplas consoante as características dos adversários, optar por um jogador mais defensivo ou ofensivo, entre outras coisas.»
Roleta? Apostamos no amarelo
As regras do jogo. Disciplinares. Poderá um matraquilhista receber um cartão amarelo ou mesmo ordem de expulsão? Pode. «Se fizer roleta, é penalty e recebe um amarelo. Se bater com o varão nas margens da mesa, tentando desconcentrar o adversário, também é admoestado. Finalmente, se algum atleta invectivar o oponente, pode ser expulso.»
Nantes, 6 a 10 de Janeiro. Acompanhe o comportamento da Selecção Nacional no Mundial de matraquilhos. Portugal faz a sua estreia absoluta. «Somos os 28ºs do ranking. Vamos tentar melhorar essa classificação e temos argumentos para isso, apesar de só há pouco tempo termos treinado com as novas mesas.»