Julen Lopetegui abriu um pouco das suas ideias sobre o treino ao jornal espanhol «El País», que realizou uma reportagem no Olival com o treinador, a que chamou «A Revolução de Lopetegui».
 
O técnico conta que quando foi convidado a treinar o FC Porto percebeu que «queria criar uma forma de entender o jogo».
 
«Foi para isso que se contrataram 16 jogadores novos. É a equipa mais jovem da história do FC Porto, com uma idade média de 24 anos. É um projeto muito atrativo. E um desafio muito grandes porque tivemos a dificuldade de chegar a 3 de julho e a 14 de agosto já temos de nos apurar para a Champions», afirmou.
 
A reportagem debruça-se essencialmente sobre o que consideram uma quebra de conceitos e mudança drástica no FC Porto. Recordam, por exemplo, que em 2004, com Mourinho, o FC Porto era uma equipa «assente em veteranos, que cavava trincheiras e abdicava da bola». Uma ideia muito discutível e que parece influenciada pelos últimos anos da carreira de José Mourinho.
 
Lopetegui, por seu turno, explica que o seu objetivo é levar os jogadores a «compreender o jogo». «Acho que enquanto se joga entende-se muito pouco. E estou a incluir-me a mim», sublinhou.
 
E questiona conceitos: «Não entendo os que dizem que jogam em contra-ataque. Para jogar em contra-ataque é preciso espaço. Seria absurdo dizer que uma equipa não quer aproveitar espaços porque não joga em contra-ataque.»
 
«A chave é saber o que fazer com a bola para que a posse não acabe num contra-ataque. Ninguém oferece espaço. É preciso trabalhá-lo. E quando o temos, temos de aproveitar», acrescentou.
 
A reportagem revela que Lopetegui faz duas ou três sessões de vídeo coletivas e e complementa-as com até sete sessões individuais. «Temos de explicar para que serve o que se faz nos treinos», explica.
 
«Antes dos treinos explicamos aos jogadores o que irão fazer. Eles têm de saber quais são os problemas que cada jogo irá colocar e que soluções podem adotar», insistiu.
 
Por fim, a nível individual, Lopetegui diz que o jogador «aprende por repetição e descobrimento espontâneo», tentando «automatizar movimentos», mas com cuidado para «não matar a criatividade».
 
«O jogador não é uma Playstation. Tem de sentir-se livre. Tomar decisões não é um direito, é uma exigência», rematou.