Aliás, a própria claque do FC Porto deu o mote, na primeira parte, mostrando que poucos são os que acreditam numa reviravolta na Liga. «Para voltarmos a triunfar, o nosso ADN temos de recuperar». A mensagem para outras batalhas. Esta, contudo, ainda não está perdida, convém sublinhar.
E Jackson fez questão de o deixar bem claro, a dois tempos. Dois golpes certeiros, o segundo brilhante, de bicicleta, recuperando o trono dos melhores marcadores.
O FC Porto não deslumbrou, é certo, mas que não haja dúvidas: foi melhor e mereceu, claramente, ganhar. Nem é notícia, de resto. Era o que se esperava. Este tipo de jogos, com vencedor antecipado, precisam de uma de duas coisas para marcarem: ou um Golias avassalador ou um David ousado. Nem uma nem outra.
É que se o FC Porto não esmagou, o Gil Vicente também pareceu, quase sempre, satisfeito com a derrota que não embaraça. José Mota montou um 4-3-3 que só o foi no papel. Yazalde e Jander jogaram na linha de meio campo. Dois blocos entre o FC Porto e a baliza à espera de ser muralha suficiente para travar uma equipa que, sabia, só vencendo continuaria a sonhar com o título.
Por demérito alheio, o Gil entrou no jogo com a certeza que, mesmo perdendo, não descia. Há mais uma semana de luta. O FC Porto, mercê do empate do Sporting, precisava de um ponto apenas para garantir o objetivo mínimo: segundo lugar e apuramento direto para a Liga dos Campeões. Está feito.
Emenda de luxo a erro capital
A bola foi do FC Porto. Como sempre. O jogo foi mais azul mas não azulão. Aliás, até poderia ficar complicado, ou nervoso, tivesse sido outra a resposta à primeira contrariedade. Quando Cadú carregou Jackson na área percebeu-se que estava próximo o 1-0. E estava, mas por via alternativa.
Quaresma falhou o penálti (ou Adriano defendeu, como preferirem), mas recuperou a bola segundos depois e centrou para Jackson marcar. Voltava ao topo dos goleadores o colombiano, numa luta particular.
Mas uma luta presente porque, a dada altura no primeiro tempo, parecia que os jogadores portistas queriam oferecer mais ao colombiano. Quaresma e Brahimi apareceram na área em boa posição e preferiram a assistência, intercetada, ao remate.
Nesta altura convém sublinhar que o FC Porto apresentou apenas duas mexidas face a Setúbal, ambas na defesa: Danilo recuperou o lugar na lateral e Indi substituiu o lesionado Marcano. Tal como o resultado e a toada do jogo…também era esperado.
Outro palpite que não era arriscado era apostar que o Gil criaria pouco perigo. E assim foi. Contudo, num cabeceamento de João Vilela, ainda na primeira parte, ficou a centímetros de marcar. Um aviso? Susto, apenas.
Poste, poste, susto, golaço!
O segundo tempo foi mais do mesmo. Ainda que com Ruben Neves e Evandro nos lugares de Casemiro e Herrera. O FC Porto esteve por cima, como sempre, mas sem sufocar.
Assustou num remate de Ruben Neves e teve um lance caricato: duas bolas ao poste no mesmo minuto! Primeiro Martins Indi, desviando um cabeceamento de Maicon, depois Evandro de cabeça, acertando no ferro do lado contrário. Azar também para o FC Porto.
O golo que matava o jogo não aparecia e o Gil, mais organizado do que ousado, mantinha-se vivo. Vítor Gonçalves, após ressalto na área, obrigou Helton a intervir. Ruben Ribeiro, uma das apostas de Mota para a segunda parte, atirou por cima em boa posição. Tal como o cabeceamento de Vilela no primeiro tempo, não foram avisos, mas sustos para o FC Porto que mandava.
De tal forma que lá chegou o segundo golo, o melhor da noite. Jackson Martínez em mais um momento para a coleção pessoal no Dragão. Já são alguns.
A Liga continua sem dono, por culpa do FC Porto. Para a semana há o tudo ou nada. E, aí, já nada do que a equipa de Julen Lopetegui fizer poderá mudar o destino.
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