Algum dia tinha de acontecer e acabou por ser esta quarta-feira. Ao 24.º jogo, o Marítimo perdeu a invencibilidade no seu estádio, que vinha sendo apelidado de «fortaleza» há quase um ano e quatro meses, em jogos para a I Liga.

Confira a FICHA DO JOGO

Um Chaves mais esclarecido e eficaz ficou com a proeza. Os homens de Luís Castro acabaram por merecer a vitória pelo que fizeram durante quase todo o jogo: dominaram, criaram mais oportunidades para golo e foram uma equipa coesa.

Já o Marítimo apresentou-se muito longe daquilo que tem feito em casa esta época e desde que Daniel Ramos assumiu o comando da equipa, ou seja, desde o início do recorde agora batido. As ausências de Jean Cléber e Zainadine apenas explicam parte desta derrota.

O primeiro remate enquadrado à baliza pertenceu ao Marítimo, logo no minuto 1', mas Rodrigo Pinho atirou fraco após cabecear um cruzamento de Ricardo Valente, desde a direita.

Mas a fase de estudo mútuo acabou por durar mais tempo do que se esperava. As duas equipas surgiram em campo bem encaixadas nos respectivos sistema tácticos, fechando bem os caminhos perto das suas zonas defensivas. 

Foram precisos vinte minutos, disputados a um ritmo algo sonolento, para que se produzisse o primeiro lance de grande perigo. O Chaves parecia estar adormecido, mas uma combinação entre Matheus e Platiny, acabou por isolar Davidson, que já no interior da grande área rematou forte às malhas laterais.

Sucederam-se depois alguns lances em que o meio campo do Marítimo revelou desconcentração, perdendo bolas algo fáceis após tentar transições sem critério. Mas o problema maior estava na defesa, como ficou bem patente no lance do golo flaviense que inaugurou o marcador.

Aos 23’, Matheus libertou-se da pressão de dois adversários na direita e ganhou espaço para cruzar para a área, onde Davidson rematou com tempo. A bola ia sair, mas Platiny finalizou quase em cima da linha, após surgir solto na esquerda.

A turma madeirense procurou acelerar o seu jogo, mas este continuou algo previsível e sem velocidade para desequilibrar. O Chaves de Luís Castro ocupava bem os espaços e anulava o jogo rápido que marítimo procura sempre imprimir quando recupera a bola posse de bola, sobretudo na zona de meio campo.

Ao subir no terreno, a equipa de Daniel Ramos expôs-se na retaguarda, pelo que os flavienses, num par de ocasiões, estiveram perto de dilatar a vantagem. Valeu a atenção de Charles e de Dráusio, embora os transmontanos tenham revelado algum deslumbramento face ao desacerto defensivo dos madeirenses.

Não marcou o Chaves, esteve perto de o fazer o Marítimo. Perto pois o golo foi anulado após Manuel Oliveira consultar o vídeo-árbitro. Aos 42’, na sequencia de um canto desde a esquerda, António Filipe defende para a frente um cabeceamento de Diney. A bola vai ter com Rodrigo Pinho, mas o ponta de lança verde-rubro, entendeu o juiz, domina com o braço antes de finalizar. Os madeirenses pouco reclamaram e o intervalo chegou pouco tempo depois, com os visitantes em vantagem, com justiça.

No reatamento, Daniel Ramos fez sair o apagado Éber Bessa, levando a jogo Everton, passando a jogar com dois ponta de lança. Já o Chaves reentrou com os mesmos jogadores mas com a intenção de marcar de novo rapidamente. Aos 46', Matheus Pereira atirou forte, já perto da área. Charles voou, mas a bola foi devolvida pelo ferro.

Cerca de três minutos depois, um belo lance de futebol desenhado por Matheus Pereira, que driblou Dráusio sobre a direita, serviu Davidson para este assinar o segundo. Pela primeira vez em cerca de um ano e quatro meses, o Marítimo estava a perder por mais de dois golos de diferença.

Pouco depois da bola ter sido mexida a meio campo, a meia distância de Matheus voltou a funcionar com muito perigo, mas desta vez o esférico apenas passou perto do poste. Só dava Chaves ante um Marítimo que acusava a ausência do patrão da defesa Zainadine, e o estratega do 'miolo' ofensivo.

Mas o Marítimo começou a reagir. Everton aos 57’ obrigou António Filipe a grande defesa. E depois da entrada de Filipe Oliveira e Ibson, por troca com Valente e Gamboa, a equipa madeirense começou a construir outras oportunidades para reduzir.

Faltou alguma sorte e também discernimento até aparecer Filipe Oliveira. O médio recém-entrado aproveitou um ressalto à entrada da grande área para marcar aos 82’. Cinco minutos depois, Fábio Pacheco levou fogo às mãos do guardião flaviense.

Havia tempo para empatar ou para a dilatação da vantagem. E até aos 90’ mais os seis de descontos, tanto uma como a outra situação estiveram para acontecer. Mas ambos os lados da contenda já se encontravam dominados pela emoção, pelo que não houve cabeça para voltar a mexer no marcador.

Confira o resumo do jogo: