Na hora da despedida, para lá do festejos e do brilho do fogo-de-artifício, ecoou bem alto o respeito entre os adeptos das duas equipas

O apito final de Rui Costa na partida entre o Tondela e a Académica assemelhou-se mais ao toque para início de uma corrida – dos adeptos para o campo ao encontro dos jogadores – do que ao simples ponto final de um jogo de futebol.

Ignorando ainda o desfecho do U. Madeira-Rio Ave, que não tinha terminado, algumas dezenas de tondelenses quiserem abraçar os heróis que tinham acabado de conseguir algo notável, independentemente do desfecho da partida no arquipélago madeirense.

Os minutos que se seguiram, de expectativa para o término do jogo da Madeira, pareceram uma eternidade para os mais atentos, que sabiam que ainda nada estava decidido, apesar de bem encaminhado.

E era a rádio que estava encarregada de trazer a boa nova que Tondela ansiava. De ouvidos nos telefones inteligentes, as gentes viseenses aguardaram pelo sinal para a festa.

E quando ele chegou, talvez dois minutos depois do tal apito de Rui Costa, não foi possível continuar a segurar os mais de três mil que assistiram in loco ao derradeiro episódio da epopeia beirã, que culminou com a conquista da permanência em terra firme da I Liga.

O fair-play que brilhou mais do que os fogos

Além das gentes, soltaram-se então os fogos que pareciam provir dos saltos, abraços e até das lágrimas de felicidade lá em baixo no relvado.

E seria no meio da festa auriverde que se iria assistir a um daqueles momentos de arrepiar qualquer adepto de futebol. De bandeiras amarelas estiradas a voar bem no alto, elevou-se também o fair-play de duas dezenas de adeptos do Tondela que se dirigiram ao canto onde se encontravam os aficionados dos estudantes, promovendo um momento de respeito que se traduziu numa troca de aplausos que deveria ter tido todo os holofotes a incidir sobre ele.

A Académica vai fazer falta à I Liga, por ser um histórico. A ausência dos seus indefetíveis adeptos vai ser ainda mais notada. E as gentes de Tondela, novatas nestas andanças, reconheceram-no no momento da sua festa.