Do velho Paços, o Paços capaz de surpreender em qualquer lado e qualquer um, nem sinal. Costinha saiu, Calisto entrou, mas os sintomas de melhoras ainda não existem. A derrota na Ucrânia por 2-0 é tão normal quanto justa.

Dois mundos díspares, duas formas radicalmente opostas de jogar e viver. O Paços jogou desnorteado, como se tivesse sido largado num sítio desconhecido, sem dinheiro na carteira nem forma de contatar os familiares.

Os pacenses mostraram um receio assustador em ter a bola no pé, em arriscar o drible, em incomodar o valioso Dnipro. Os remates saíram sempre tortos, os cruzamentos nunca tiveram ninguém para abraçar na área ucraniana. O Paços sofreu em terra selvagem.

Não sobreviveu e deixou de ter razões para sonhar com a qualificação.

FICHA DE JOGO DO DNIPRO-PAÇOS

Resumir o jogo é um exercício simples. O Dnipro é de uma dimensão estratosférica e fez questão de prová-lo desde o apito inicial. Um jogador da estirpe de Konoplyanka, por exemplo, teria lugar nas primeiras escolhas dos maiores clubes portugueses.

O segundo golo do Dnipro, aos 68 minutos, é uma obra de arte. Konoplyanka fletiu da esquerda para o meio e arrancou um pontapé extraordinário, a deixar António Filipe de pés pregados à relva e os olhos perdidos no ar.

E já que se fala em António Filipe, talvez seja uma boa altura para elogiá-lo. Nada podia fazer nos dois golos sofridos e efetuou uma mão cheia de grandes intervenções. Não será exagerado, aliás, afirmar que foi o guarda-redes pacense a evitar a anunciada goleada.

VEJA COMO FOI O JOGO AO MINUTO

Num contexto difícil, o Paços ainda adiou o primeiro golo do Dnipro quase até ao intervalo. Um pequeno milagre, sim, arruinado pelo bem conhecido Matheus (ex-Sp. Braga) num cabeceamento já em cima da pequena área dos castores.

Do Paços Ferreira da maravilhosa época de 2012/13 pouco sobra. Em poucos meses, o mercado de transferências e os maus resultados arruinaram um projeto fantástico. Resta a Henrique Calisto repetir o feito de há dois anos e dar alguma estabilidade ao grupo.

O Paços continua a ter bons executantes, mas é extremamente limitado no ataque e muito permeável no processo defensivo. Faltam dois jogos na Europa e ainda muitos milhares de euros por conquistar, mas este é um espaço estranho e intimidador para os homens da Capital do Móvel.

É no conforto da Liga e no seu território natural que o clube se poderá reencontrar. O velho Paços está por aí, algures, à espera que alguém lhe dê a mão.