A FIGURA: Alex Sandro
O melhor dragão, finalmente. Nos piores momentos da equipa, e foram tantos, pediu a bola e assumiu o risco. Atacou, atacou, atacou, fez o corredor esquerdo para trás e para a frente todo o jogo. Cometeu erros, sim, mas deixou uma imagem de ambição e coragem. Nem todos os colegas podem dizer o mesmo. É fantástico vê-lo quando cola a bola ao melhor pé e procura a linha de fundo em drible, antes de cruzar.  

NEGATIVO: 4x2x3x1
Lamentamos, Paulo Fonseca, mas este desenho é incompreensível, confuso e ineficaz em jogos com estas características. Na crónica do jogo a ideia está mais aprofundada. Aqui fica o primário: ter dois médios estanques (Fernando e Defour), um pensador sem bola e colado ao ponta-de-lança (Lucho), apenas um extremo (Licá) e uma peça a deambular (Josué) não é um plano de jogo compatível com as ambições de uma equipa como o FC Porto. Ao riscar o 4x3x3 e mudar uma tática vigente no Dragão há longas épocas, Fonseca acrescentou um problema à perda de João Moutinho.    

MOMENTO DO JOGO: mais um erro defensivo
Minuto 11, o FC Porto a entrar mal e a bola a chegar aos pés de Danilo. O lateral bate para a frente e Kienast faz a interceção. Avança alguns metros e remata para o golo. Mais um erro defensivo. Será que é desta que Paulo Fonseca consegue explicar a sucessão amadora de lapsos na zona mais recuada da equipa?   

OUTROS DESTAQUES:

Jackson Martinez
Segundo golo na Liga dos Campeões, novamente de cabeça, tal como na partida frente ao Nacional. A dúvida persegue-o: é Jackson que está menos disponível e mais precipitado ou é o coletivo que deixou de o alimentar convenientemente? A sua qualidade está registada, não a pomos em causa. A pergunta surge enleada nas opções erradas e na clemência demonstrada com as balizas contrárias. Algo impensável na época anterior. Voltou, de resto, a falhar na cara do guarda-redes já em período de compensação. Seja como for, continua a marcar.

Roman Kienast
Técnica rudimentar, mais de 1,90 metros, dono da posição dez. No estádio terão sorrido ao vê-lo tocar a bola com um estilo primário e algumas dificuldades de locomoção. Mas Kienast vingou-se. Fez o primeiro golo do Áustria Viena na Champions, com um remate de longa distância, e esteve sempre muito disponível para a luta. Não é um craque, nem tem características para ser maestro. Temos, ainda assim, de lhe dar nota positiva e aplaudir a atitude.   

Danilo
O passe errado na origem do golo austríaco é inaceitável. Nem nos distritais se vê coisa assim. A receita é antiga e ensinada nos infantis: um lateral não pode arriscar passes para o centro na zona defensiva. Melhorou imenso na segunda parte, é verdade, com várias subidas pelo flanco e até acabou o jogo em grande nível. Não foi, no entanto, a tempo de salvar a noite.

Heinz Lindner e Philipp Hosiner
Um a defender muito e bem, o outro a colocar sempre em sentido os centrais azuis e brancos. Os dois melhores elementos do Áustria Viena e jogadores para acompanhar no futuro.

Lucho Gonzalez
Insistimos na teoria: tem de participar mais no processo ofensivo, não pode surgir somente no último terço. Com a bola nos pés continua a ser o jogador mais lúcido na equipa. Ao isolá-lo nas cercanias de Jackson, Paulo Fonseca afasta-o da construção, da circulação, da influência no meio-campo. Não sentido, definitivamente.  

Maicon
É o defesa central mais estável e em melhor condição (pelo menos emocional) do FC Porto nesta altura. O corte sobre Royer, a meio do segundo tempo, quando o austríaco rematava para marcar é soberbo. Nico Otamendi, agora, tem de esperar.