Autor: Louise Taylor*
A antiga escola de Andy Carrol, Joseph Swan em Gateshead, recebeu o nome do inventor da lâmpada incandescente. Sete anos depois de ter passado os portões da escola pela última vez, Inglaterra espera que o avançado possa iluminar o caminho da seleção para as fases mais adiantadas do Euro2012.
Contudo, ninguém sabe que número 9 aparecerá na Ucrânia e na Polónia. Será o gigante sem controlo de bola, pé direito ineficaz e movimentos rígidos que marcou apenas quarto golos na Premier League, esta época? Conseguirão os adeptos perceber como é que o Liverpool gastou 35 milhões de libras com ele, ou ficarão a pensar o que teria Kenny Dalglish na cabeça?

Forte e poderoso, Carroll é especialmente letal no jogo aéreo. «No seu melhor, Andy é indomável», acrescenta Gleen Roeder, que lançou o avançado no Newcastle, com apenas 17 anos, num jogo da Taça UEFA.

«Só espero que ele vá controlando o seu estilo de vida. Quando for mais velho, ele não vai querer guardar mágoas», avisou Roeder. No passado, a vida de Andy Carroll fora dos relvados foi recheada de confusões.
A mãe, que trabalha num lar, e o pai, a laborar numa linha de produção, conseguiram manter Andy longe de problemas durante a adolescência. Contudo, crescer como um herói local em Tyneside fez Andy Carroll ser rodeado de tentações.
Assim sendo, sem surpresa, o jovem avançado desenvolveu um gosto por cerveja e por idas ao casino local. Em 2010, foi considerado culpado de agressão. Ainda antes, teria partido o queixo de Steven Taylor, seu companheiro de equipa no Newcastle, durante um treino. Tudo por causa de uma mulher. Pelo meio, separou-se da mãe da sua filha.

A dada altura, Carroll encontrou um refúgio da casa de Kevin Nolan, o capitão do Newcastle. Era a sua primeira época completa na Premier League, iniciada com um sensacional hat-trick de pé esquerdo ao Aston Villa (6-0). Em Novembro de 2010, chegou à seleção.

Fabio Capello apostou no jovem mas foi deixando vários avisos ao longo dos tempos. O estilo de vida de Andy estava em causa.
Quando o Liverpool vendeu Fernando Torres ao Chelsea, em janeiro de 2011, a troco de 50 milhões de libras, acabou por chocar o mundo com um investimento de 35 milhões em Andy Carroll.
O dono do Newcastle ficou tão entusiasmado que enviou o seu helicópetro particular de Londres para Newcastle, pegando em Carroll para o deixar rapidamente em Liverpool.

A mudança não foi fácil. Andy chegou lesionado, não conseguia adivinhar as intenções do seu companheiro de ataque, Luis Suarez, e debatia-se com saudades de casa. Pelo meio, Capello dava a entender que o avançado não largava o álcool enquanto Dalglish o defendia a todo o custo.
Andy Caroll marcara 11 golos em 19 jogos pelo Newcastle, em meia época. Agora, contentava-se com dois golos em sete aparições pelo Liverpool. A temporada seguinte começou da mesma forma e o clube tentou mesmo uma troca por Carlos Tevez, quando este voltou as costas ao Manchester City.
Pelo menos, o seu comportamento estava a mudar. Adaptou-se a Merseyside com a ajuda da nova companheira, Stacey, uma Geordie como ele. «Agora, fico em casa a ver televisão. O passado é o passado.»
Ainda assim, foi um regresso ao passado a levar-lhe lágrimas aos olhos. Na derrota do Liverpool em casa do Newcastle, Dalglish puniu a má exibição do avançado com a sua substituição. E, humilhado, Andy teve de ouvir o seu antigo público cantar «what a waste of money», enquanto abandonava o relvado entre desabafos e lágrimas nos olhos.

Ironia suprema, foi nesse momento que King Carroll renasceu. Arrancou para um final de temporada ao seu melhor nível de sempre. Mesmo a tempo do Euro2012.
* Louise Taylor é jornalista do Guardian. Este artigo está integrado na Euro2012 Network, uma cooperação entre alguns dos melhores meios jornalísticos dos 16 países participantes na competição.