«Antes do jogo fomos ver o Papa e foi das coisas mais marcantes da minha carreira, no plano extra-desportivo. Sentia-se no ar a magia daquele local. Quanto ao jogo, passe o autoelogio, fiz uma exibição excecional nessa tarde. Aliás, toda a equipa jogou que foi uma maravilha: só assim é que podíamos ganhar a um adversário daquela categoria. A Roma tinha Prohaska e Falcão, que eram as estrelas da companhia, e ainda o Bruno Conti e o Ancelotti. Na apresentação do jogo a comunicação social deu destaque aos homens que empunhavam as batutas. No Benfica era eu, na Roma o Falcão. Era a primeira vez que o Eriksson ia defrontar o Nils Liedholm, outro treinador sueco, por quem ele tinha grande admiração. Fizemos um jogo fantástico, quase perfeito. Eu fiz o passe para o primeiro golo do Filipovic e também estive na jogada do segundo. E é irónico que, depois disso, eu e o Filipovic não jogássemos a final com o Anderlecht na Luz. Pela imponência do Estádio Olímpico de Roma, pela quantidade de jogadores de grande classe, foi um jogo inolvidável. Foi talvez uma das exibições mais perfeitas que fiz, um daqueles jogos em que tudo sai bem».

Esta foi a visão de João Alves do Roma-Benfica (2 de Março de 1983), contada ao Maisfutebol em 2006, para o livro «Sport Europa e Benfica». Pouco depois Alves perdeu o lugar para o jovem sueco Stromberg, mas de facto aqueles 90 minutos foram perfeitos. O «luvas pretas» fez 23 jogos com o Benfica nas competições europeias. Estreou-se em 1978, terminou em 1983.

Para Toni, então adjunto, aquele tarde em Roma abriu «as portas de Itália a Eriksson», um jovem treinador que a Europa tinha descoberta depois da sensacional vitória do Gotemburgo na Taça UEFA.

O sueco, como o tratavam na Luz, era de facto um treinador diferente, como recordou Chalana, também em 2006. «Eriksson era antes de mais um psicólogo e com a confiança que nos transmitia tornou-nos capazes de jogar fora como se fosse em casa».

Nos destroços de uma exibição maravilhosa em Itália ficou uma grande Roma, como se confirmou no sofrido 1-1 da Luz, duas semanas mais tarde. Semanas depois Lisboa receberia a segunda e decisão mão da final da Taça UEFA.

Os onze que jogaram em Roma: Bento; Pietra, Humberto Coelho, António Bastos Lopes e Álvaro; Carlos Manuel, Shéu, João Alves e Chalana; Nené e Filipovic.