É o Ninja. E o nome sugere o quê? Artes marciais, gestos instintivos, acrobacias e missões impossíveis. É isso que tem sido Derlei no F.C. Porto. O Ninja das missões impossíveis, o jogador que resolve aquilo que os outros têm dificuldade em resolver. Na Corunha quebrou a barreira entre o sonho e a realidade, colocando os azuis e brancos na final da Liga dos Campeões, mas a capacidade para marcar golos determinantes em rondas europeias é um rótulo que vem de longe. Começou na época passada, estende-se ao presente e provavelmente irá passar por Galsenkirchen, na Alemanha, onde a luz da Taça seduz todas as emoções. Ainda para mais agora, depois de ter estado quatro meses lesionado e com a época em risco.
Em duas épocas há factos muito curiosos e que merecem ser sublinhados a vermelho para não caírem no esquecimento. Por exemplo, graças ao brasileiro os azuis e brancos já passaram três eliminatórias internacionais (Áustria de Viena, Panathinaikos e Corunha), conseguiram uma reviravolta (Lazio) e venceram a Taça UEFA (Celtic). Cinco é mesmo o número mágico. Indo ao fundo da questão, Derlei é uma peça fundamental no onze por causa dos golos determinantes, mas também pela injecção de força e de músculo ao ataque, fazendo com que a equipa tenha mais disponibilidade para fazer a já badalada pressão alta.
Mas há outros aspectos. O empate em Madrid (1-1), na fase de grupos da Liga dos Campeões, fez quebrar o enguiço portista de nunca ter conseguido um resultado positivo frente aos merengues. Como foi o golo? Tal e qual como diante do Corunha. Deco ganhou a grande penalidade e Derlei rematou sem hipóteses para o guarda-redes. Espanha é um país onde o Ninja tem sucesso. O tento marcado ao Deportivo (há oito jogos europeus consecutivos que os galegos não sofriam remates certeiros em casa) foi o seu quarto golo no país vizinho. As contas completam-se com os dois tentos assinados em Sevilha, na final da Taça UEFA, frente ao Celtic (3-2). Abriu o marcador e fechou-o no prolongamento garantindo o triunfo.
A carreira fulgurante do F.C. Porto na Taça UEFA, na época passada, foi mesmo o seu melhor momento. Marcou 12 golos, foi o goleador da prova, ficando na retina a célebre eliminatória com o Panathinaikos. Depois da derrota nas Antas (1-0), os dragões foram heróis na Grécia, onde o Ninja marcou dois golos plenos de confiança. Um a abrir o jogo; o outro nos descontos. Foi a garantia de que as meias-finais eram uma realidade. Mas como nada é perfeito, a ronda com a Lazio também foi trabalhosa, com o Ninja a mostrar o seu valor de avançado temível. A perder por 1-0, o brasileiro fez o 2-1 e o 3-1 que daria a tranquilidade para o 4-1 final.
Esta época o sabor suplementar é motivado pela força das circunstâncias. A lesão que o obrigou a parar quatro meses, depois de se magoar em Alverca, era vista como algo difícil de superar, mas até aí o Ninja foi um herói ao recuperar em tempo recorde. Provou que também sabe marcar golos fora do campo.