«O FC Porto está no meu coração, mas defendo o Sporting até à morte»
«De há um ano para cá tento desfrutar de tudo, sei que é menos um dia que tenho»
«Desinvestir nas modalidades? Quem está à frente tem uma visão realista»
[artigo publicado originalmente às 23h55 de 27 de maio]
Além de títulos, ao longo da carreira também tem colecionado algumas polémicas...
Sim, algumas.
Considera-se um jogador violento?
Cada um tem o seu estilo, o meu é o de dar tudo em todos os lances. É a minha forma de jogar. Tenho muitos jogos e episódios maus, e podemos chamá-los assim porque sei que fiz coisas más, mas de certeza que fiz muito mais coisas boas do que más. No entanto, o que fica registado são esses cinco, seis ou sete ou dez episódios e, por aí, passa a imagem de que sou um jogador muito mau e muito agressivo, mas todas as semanas vejo stickadas ou agressões de que não se fala, das quais não se divulgam as imagens e nem acontece nada. Já eu, se fizer alguma coisa, há logo repercussões...
Sente-se perseguido, é isso?
Sim, um pouco, e isso talvez aconteça por causa das rivalidades. Eu acho que não sou assim tão agressivo e quem me conhece sabe disso. Além disso, até devo ser dos jogadores que menos faltas faz e que menos cartões azuis tem. Mas, claro, é normal que, se me dão uma stickada, reaja e que, por vezes, a quente não nos consigamos controlar.
Mas, e como disse, admite que errou algumas vezes?
Sim.
E tem algum pedido de desculpas a fazer ou «o que acontece dentro de campo, fica em campo»?
Não tenho qualquer problema. O que faço dentro de campo fica lá, seja bom ou mau. Tanto aquilo que fiz como o que me fizeram a mim. Quando acaba o jogo, acabou. No entanto, como disse, quando me dão tento que não fique por aí... é uma forma de me fazer respeitar. Isso vem desde pequenino, desde o colégio, e vai continuar a ser assim até morrer. Faz parte. Quem leva, dá. Todos somos assim. Se nos dão uma galheta, não sorrimos, damos outra mais forte.
E tem noção que por isso, e pelas coisas boas também, é um dos jogadores mais amados (pelos adeptos) e mais odiados (pelos rivais)?
Sim e percebo, porque entendo que haja rivalidade. Estou em Portugal há 13 anos, sou espanhol e do Real Madrid, sei e gosto de rivalidades. Ainda assim, acho que o Pedro Gil vai ser sempre criticado seja pelo que for.
...
Quando jogava no FC Porto era odiado pelos adeptos do Benfica, agora jogo no Sporting continuo a ser odiado pelos do Benfica e sou odiado por alguns do FC Porto e até do Sporting. Há os que dizem que ao Benfica marco sempre e ao FC Porto não. É o que digo: vou ser sempre criticado.
Como é que lida com isso?
Tento abstrair-me desde sempre e tento não ler nada de hóquei - só vejo os resumos. Oiço rádio e vejo coisas do Real Madrid, e tento abstrair-me do hóquei e das redes sociais - nunca leio os comentários. Só tenho Instagram, que foi ideia do meu filho e é ele praticamente que o gere, porque já sei como seria se tivesse mais e não estou para isso.
E o seu filho lê...
Sim, ele e a minha mulher às vezes leem.
E como reagem?
Não é fácil para eles, mas tento há anos dizer-lhes para não ligarem.
...
Sei que sou amado ou odiado, e que esta é a minha maneira de ser, mas podem ter a certeza: o clube que sirvo defendo-o até à morte, só que nunca esquecerei de onde vim, onde joguei e tudo aquilo que todos os clubes me deram - todos me fizeram crescer como jogador e, sobretudo, como homem. Falo ainda com muita gente dos clubes pelos quais passei, deixei as portas abertas em quase todos eles e é isso que me preocupa: que as pessoas que me conhecem falem bem, o resto dá-me igual. Dou mais importância a que dez pessoas que tenham trabalhado comigo falem bem de mim, do que cem mil que não me conhecem e que falem mal.