Nestes últimos dois anos o F.C. Porto foi perfeito em algum jogo?
«O jogo que mais gostei na Liga dos Campeões foi contra o Málaga, em casa. Só não conseguimos transformar em mais golos tudo o que de muito bom fizemos. E muita gente quis desvalorizar esse Málaga. Recordo que só foi eliminado em Dortmund depois do minuto 90 e com um golo irregular. De outro modo o Málaga teria chegado às meias-finais. Contra o PSG em casa também nos exibimos a um nível altíssimo. Para o campeonato, fomos brilhantes em Guimarães do princípio ao fim e fizemos cinco golos. Fomos avassaladores».
E nos confrontos diretos com Benfica, Sp. Braga e Sporting?
«O saldo é muito positivo e a nossa natureza de campeão fez quase sempre a diferença. Principalmente nas fases decisivas de cada época».
O Villas-Boas sai, o Vítor Pereira surge, mas o início não foi fácil.
«Os primeiros seis meses foram muito difíceis, é verdade. Sinceramente, não me identificava nada com o treino e com a postura da equipa. Vários jogadores criaram expetativas de partida para outros campeonatos, onde iriam ganhar mais dinheiro, mas ficaram e tive de lidar com esses retalhos emocionais. Tentei minimizar estragos, mas não me admira nada que tenhamos falhado na fase de grupos da Liga dos Campeões. Faltava-nos solidez emocional no coletivo. Não havia um pensar de equipa. Havia muita gente mais preocupada com a sua vida e isso prejudicou-nos muito.
Reorganizámos o plantel [saíram Fucile, Belluschi, Guarín e Souza, entraram Lucho e Janko] para a segunda volta e fomos mais compactos e consistentes. Ainda fomos a tempo de vencer o campeonato».
Em 2012/13 a história é muito diferente.
«Não tem nada a ver. Por exemplo, fizemos uma Liga dos Campeões muito boa. Até ao jogo em Málaga. Esse jogo penalizou-nos fortemente, principalmente do ponto de vista emocional. O Moutinho estava condicionado, jogou e lesionou-se por volta da meia-hora; o Defour foi expulso no início da segunda parte; o ambiente do La Rosaleda era difícil e o Málaga era uma equipa forte. Podíamos ter resolvido a eliminatória em casa e acabámos por ser afastados. Deixámos uma grande imagem na Europa, apesar da eliminação me ter custado imenso.
No campeonato tivemos um momento pior depois do jogo com o Málaga, em casa, mas o mais duro foi o empate com o Olhanense. Podíamos ter passado para a frente e não foi possível. Ainda assim a equipa nunca oscilou muito. Fizemos grandes jogos, não me digam o contrário. É óbvio que tivemos outros de menor inspiração, mas fomos quase sempre seguros. Com esta matriz chegámos ao tricampeonato e muito bem».
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