Um primeiro período medíocre e cheio de erros, um segundo autoritário e a aprofundar os bons sinais dos jogos anteriores. Partes distintas, pois, tão do agrado do velho e sábio lugar comum. Steven Defour e Juan Iturbe foram os melhores, Danilo, Lucho e Jackson entraram muito bem.

Sobra muito para contar deste triunfo do F.C. Porto na Venezuela, jogado debaixo de uma humidade insuportável e num relvado longe do ideal. Duas atenuantes válidas, sim, mas insuficientes para explicar a desconcentração e apatia demonstradas até ao intervalo.

Veja como foi o jogo AO MINUTO

A análise aos novos dragões

Basta olhar para o primeiro golo do Anzoátegui, para o olhar morto de Maicon e o gesto técnico errado de Mangala. Anormal, inadmissível, a exigir forte reparo da parte do treinador. Um exemplo entre muitos lapsos, nada condizentes com o que os tricampeões têm vindo a fazer.

Sem capacidade para ter a bola e fazer pressão alta, o Porto usou, abusou e errou vezes a mais nos passes longos e num futebol direto ingénuo e inofensivo. Nesta fase pouco se salvou. Há a aplaudir duas ou três arrancadas de Juan Iturbe e a seriedade/qualidade de Steven Defour.

O argentino tem valor mais do que suficiente para ficar e ajudar, o belga quis colocar uma pedra em cima da discussão sobre a sucessão de Moutinho: o lugar, por ora, é dele.

Varela mantém veia goleadora

Fucile, Carlos Eduardo e Ghilas, todos infelizes no mar de discórdia, saíram para as entradas de Danilo, Lucho e Jackson ao intervalo. O lateral e o ponta-de-lança construiram o golo do empate, o médio argentino deu serenidade e consistência ao meio-campo.

A tudo isto não terá sido indiferente a atitude radicalmente oposta, para melhor. É verdade que o Anzoátegui voltou a marcar e a passar para a frente, mas esse instante terá sido a única mácula numa etapa complementar convincente e prometedora, ao nível dos ensaios recentes.

A última meia-hora foi especialmente inspirada e inspiradora, com o golo de Mangala após canto na esquerda e o bis de Silvestre Varela a emoldurarem o resultado num quadro superior. Sublinhemos o cruzamento perfeito de Iturbe no terceiro golo e o lançamento de Lucho no quarto.

16 jogadores utilizados, plantel ganha forma

As notas finais não podem esquecer o desarranjo dos primeiros 45 minutos. Os centrais estiveram sem sintonia, os laterais não tiveram influência, Fernando falhou o que não falha, Carlos Eduardo foi uma sombra sem vida, Varela e Ghilas nada de relevo lograram. Salvaram-se, insistimos, os excelentes Iturbe e Defour.

Fez bem o descanso à cabeça, aos pulmões e às pernas, com toda a gente a subir de nível e os três golos a surgirem com alguma naturalidade.

Paulo Fonseca utilizou só 16 jogadores e a triagem para o acesso ao plantel está cada vez mais apertada.

FICHA:

DEP. ANZOÁTEGUI: Edixon González; Camacho, Granados, Fuenmayor, Pernía, Calzadilla, Ricardo Martins, Escobar, David Moreno e Edwin Aguilar.

Jogaram ainda: Robert Hernandez, Evelio Hernandez, Óscar Briceño, Ronald Ramirez, Jhonny Gonzalez

F.C. PORTO: Fabiano Freitas; Fucile (Danilo, 46), Maicon, Mangala e Alex Sandro; Fernando (Castro, 82), Carlos Eduardo (Lucho, 46) e Defour (Herrera, 77); Varela, Ghilas (Jackson, 46) e Iturbe.

Golos: Aguilar (39), Jackson (54), Fuenmayor (63), Mangala (65), Varela (66 e 90)