«Garra, vontade e querer». São palavras que Susana Feitor utiliza para descrever o que move uma carreira que vai garantir em Atenas a sua quarta presença olímpica. O currículo impõe respeito, mas a atleta portuguesa assume que a competição não lhe tem trazido sorte. «É verdade. São três participações com bastante mágoa. A minha história olímpica parece que está enguiçada», reconhece.
Nos últimos Jogos, Susana Feitor foi 14ª classificada e descreve o momento como «a maior frustração da carreira». Não admira por isso que Atenas 2004 fosse anteciado como um momento especial. «Quando terminei Sydney, coloquei Atenas como um ponto alto na minha carreira. Estou a duas semanas e sinto que ainda não dei o meu máximo», admite.
O problema que se atravessou no caminho foi uma lesão muscular e depois uma anemia. Factores que atrasaram a preparação, mas que não retiraram a Susana Feitor o desejo de fazer «melhor» do que em Sydney. «Tenho a categoria de semi-finalista [no projecto olímpico], correspondente a uma classificação entre o 9 e o 16º lugar. Quero, pelo menos, honrar essa categoria, mas ambiciono lutar pela categoria de finalista, ou seja, tentar ficar entre as oito primeiras», afirma.
É um objectivo ambicioso. Susana Feitor está consciente da «enorme concorrência mundial» e fala de «16 a 20 atletas candidatas a medalhas», mas fica também evidente o desejo de dar o máximo em Atenas. E a alegria por estar novamente num grande palco. «Para mim, competir é tudo», confessa.
À procura de um grande resultado, Susana Feitor, que também é presidente da Comissão dos Atletas Olímpicos, vai dizendo que os atletas tiveram melhores condições para preparar estes Jogos, mas faltam coisas. Como equipas multidisciplinares em três ou quatro pontos do país, «uma necessidade urgente».
Susana Feitor
Idade:
29 anos
Profissão: estudante de Ciências do Desporto
Modalidade: Atletismo (20 km Marcha)
Clube: Clube de Natação de Rio Maior
Treinador: Jorge Miguel
Presenças Olímpicas: Barcelona 1992 (desclassificada), Atlanta 1996 (13º lugar) e Sydney 2000 (14º lugar)
Memórias Olímpicas:
«Em Barcelona, era completamente inocente. Eu amo o desporto e poder participar nestas competições é algo que me transcende. Cada vez que olho para trás, vejo a raquete vermelha que me impediu de entrar no estádio, mas também o prazer de ter visto coisas novas.»
«Em Atlanta não foi tão mau, mas fiquei triste. Dias antes tive mazelas físicas e aquilo que mais recordo é o stress que senti nos dias antes da prova. Lembro-me também da desorganização que aquilo foi e do complexo de golfe onde ficámos até à antevéspera da prova, um local fascinante, onde estávamos em contacto com os esquilos»
«Sydney foi a maior frustração da minha carreira. Estava muito bem preparada, mas os meus músculos cederam num treino e tive uma rotura de 2 cm. Foi bom, mas fiquei com a clara noção de que podia ter feito muito melhor.»
Qualificação para Atenas: Agosto 2003 (Campeonatos do Mundo, em Paris)
Partida para Atenas: 16 de Agosto
Objectivos para Atenas: ficar entre as oito primeiras