No final do ano escrevi sobre os jogadores e agora é tempo de falar sobre o ano dos treinadores.

A aposta no treinador português é evidente e a nossa Liga com 16 treinadores é a prova disso, o que é um bom sinal.

Temos bons treinadores e o trabalho realizado por eles é de uma forma geral positivo, apesar de muitos se depararem com condições difíceis.

Aqui vão os meus destaques.

Rui Vitória
Ao serviço do Vitória Sport Clube, conquistou a Taça de Portugal frente ao Benfica. Terminou a época passada em nono lugar e este ano está em quinto e já com seis jogos europeus pelo meio. Um trabalho meritório e com as dificuldades conhecidas, o que torna mais difícil, mas também mais valorizado.

Entre salários em atraso e outros problemas para gerir, Rui Vitoria soube estar à altura dos acontecimentos. Manteve a equipa unida, focada no que era essencial e obteve resultados. Este ano, as dificuldades continuam, porque o clube debate-se com problemas e nada está ainda resolvido. A identidade e a comunhão de ideias entre emblema e treinador é bem evidente e tudo se torna mais fácil. A equipa voltou a ser novamente reconstruída e para já os resultados estão a ser positivos. Mas o caminho ainda não terminou.

Marco Silva
Só conhece o Estoril como treinador e ambos têm vindo a crescer. Trouxe-o da II Liga e atingiu a Europa no final do primeiro ano. Grande trabalho. Apesar da perda de vários jogadores, voltou esta época a construir uma boa equipa. Com mais jogos que as restantes equipas, fruto da participação europeia, nem por isso deixa de ter a sua marca na Liga. É quarto classificado com mérito e Marco Silva é o grande responsável.
Não me parece que se mantenha na próxima época.

Paulo Fonseca
Fez um trabalho fantástico no Paços de Ferreira e conquistou o terceiro lugar, com mérito e o acesso a ouvir o hino da Liga dos Campeões. Este trabalho colocou-o no Porto e, verdade seja dita, nestes meses à frente do actual campeão tem estado aquém daquilo que eram os objectivos. Afastado prematuramente da Liga dos Campeões, está nesta altura em segundo lugar na Liga, com um rendimento abaixo do esperado. Depois do feito extraordinário com o Paços, e apesar de nesta altura não estar a justificar grandes menções e até a sofrer contestação, merece o destaque.

Por ultimo, dois treinadores que apenas têm meio ano de trabalho na Liga mas que face ao sucesso colectivo merecem ser destacados.

Leonardo Jardim
É verdade que é apenas metade de uma época mas o que tem sido feito, liderando com mérito a Liga, justifica o destaque. Depois de terminada em Maio a pior época da história do Sporting, no sétimo lugar, poucos julgavam ser possível este resultado no final do ano. É certo que as expectativas eram baixas mas o que tem vindo a ser feito sob a sua liderança merece o aplauso. O Sporting ganhou o respeito e está a lutar. Se vai ter ou não capacidade para estar na luta até ao fim, logo se verá. O que fica, e é motivo de registo, é a liderança no dobrar do ano e essa responsabilidade tem muito de Jardim.

Por último, o treinador campeão.

Vítor Pereira
Venceu o título e da forma como aconteceu, nunca deixando de acreditar, acabou por ter a recompensa.

Foram dois anos a liderar o actual campeão, sem grande empatia com os adeptos e pessoas em geral.
Aprendeu, evoluiu e mostrou capacidade. Acabou por vencer dois títulos. Os últimos seis meses não foram fáceis, mas acabou em Maio do ano que passou, a celebrar. Apesar de ter ido para outras paragens, merece o elogio.

Também noutros países, o trabalho realizado pelos treinadores portugueses tem sido positivo e apreciado. O futebol português tem sido bem representado. Por último, uma nota especial. Estarão no próximo Campeonato do Mundo, três treinadores portugueses, liderando outros tantos países. Paulo Bento por Portugal, Fernando Santos pela Grécia e Carlos Queiroz pelo Irão vão estar à frente de três selecções e isso é um facto significativo para um país de dez milhões de habitantes e com a nossa dimensão.

P.S. O adeus a  Eusébio foi impressionante. Ele era o "King" e recebeu o reconhecimento, as homenagens, os tributos do país e do mundo do futebol. Uma das suas maiores figuras desapareceu, mas ficará para sempre na memória de todos. Fica a sua história, a sua marca no país e nas pessoas.

Nota: obrigado ao leitor Tiago Silva pela retificação