André Villas Boas, treinador do F.C. Porto, depois de nova vitória no Estádio da Luz sobre o Benfica (3-1), no jogo que abriu caminho à equipa do Dragão para a final da Taça de Portugal:

«Foi um desafio extremamente complicado. Na primeira parte mostramo-nos competentes, mas qualquer uma das equipas podia ter chegado ao golo. A segunda parte foi muito boa, marcámos na altura certa e crescemos emocionalmente. Rapidamente chegámos ao segundo e aí tivemos o domínio do jogo e voltámos a marcar. Depois sofremos o penalty que tivemos de sofrer, mas acima de tudo, muita competência para inverter uma eliminatória que parecia estar com o destino traçado».

[Que disse aos jogadores ao intervalo?]

«As coisas não são assim tão lineares, as palestras não definem as coisas nesse modo. Foi uma mentalidade e uma crença que temos levado toda a época que se traduz em vitórias. As cosias não se decidem com palavras ao intervalo. Conseguimos inverter uma coisa que parecia impossível num campo de um adversário muito forte. Sermos capazes de fazermos o que fizemos hoje é sinal de competência extrema».

[Esperava que as coisas corressem da forma como correram?]

«Não... O decisivo era o primeiro golo. É sempre decisivo em termos emocionais. Foi o que se passou. O acreditar é decisivo. O chegar ao primeiro e a procura do segundo e terceiro foi fundamental».

[A primeira parte não foi tão bem conseguida. Foi intencional, entrar dessa forma?]

«Não foi estratégico. Acima de tudo é que não havia pressa em chegar ao primeiro golo. Tínhamos de ser emocionalmente fortes. Não podíamos entrar em stress por não chegar o primeiro golo. O Benfica fez uma primeira parte lenta, calma, sem aquela pressão habitual para chegar ao golo. Talvez por isso tenhamos sido mais passivos».

[A festa foi muito diferente de há quinze dias?]

«Foram os mesmos tipos de festejos porque é inesperado».

[O que se passou naquela confusão com os stewarts no final?]

«Nada de especial. Não é caso. Foi normal».

[Em que jogo é que teve mais gozo? No do título ou no de hoje?]

«São muitas emoções juntas. Um campeonato na Luz é algo que ficará para a história. Inverter um resultado não é novidade, tem mais significado por afastarmos o Benfica da final, mas só tem valor se ganharmos a final. Só terá expressão se adicionarmos o troféu».

[Que motivação é que deu aos jogadores para este jogo?]

«A motivação era uma oportunidade histórica, era mudar o destino. Acreditámos. Tínhamos tudo a ganhar e o Benfica tinha tudo a perder. Apostei forte nessa mensagem».

[Já ganhou quatro vezes ao Benfica esta época. Ganhou o duelo com Jesus?]

«Tenho o máximo apreço por Jorge Jesus. É um colega de profissão que aprecio bastante. O resto são picardias sem sentido. Não têm a ver comigo e com Jesus, têm a ver com o F.C. Porto e com o Benfica. O Porto não só inverteu o resultado com o Benfica, como pode ultrapassar o Benfica em termos de troféus».

[O que se passou com Sapunaru no final? Pediu para sair?]

«Achámos melhor, manterá linha de cobertura, optámos pelo Sereno por ser um homem de mais contenção».

[Foi o último jogo com o Benfica esta época?]

«Não sei, depende do que acontecer no jogo com o Sp. Braga».

[Mourinho acaba de ganhar a Taça de Espanha. Algum comentário?]

«É um colega de profissão com quem trabalhei. Deu-me bases importantes para o meu futuro. É o primeiro troféu em Espanha, é um conquistador de troféus, caminha para ser o melhor treinador de todos os tempos».

[Não acha que pode ultrapassar Mourinho? Só tem 33 anos¿]

«Não, de todo. Não tenho essa capacidade e seguramente que não farei mais de dez/doze anos no futebol».

[Vai jogar a final no Jamor, preferia, como Pinto da Costa, jogar noutro estádio?]

«O Estádio Nacional foi o estádio destinado à taça desde sempre. Já estive numa com o José Mourinho em 2002/03, é algo histórico. O presidente não gosta, mas eu não vejo problemas».