A FIGURA: Salvio, outra vez

A confirmação de que o bom regresso diante do Sp. Braga não aconteceu por acaso. Está mesmo num excelente momento de forma, arranca com facilidade, e, claro, mantém a facilidade de aproximação á baliza, traduzida no segundo golo da época e na jogada do 3-0. Com o rodízio de extremos à sua disposição, Jorge Jesus terá nesta altura apenas uma certeza: Salvio parte na «pole», os outros terão de lutar pela vaga restante.

O MOMENTO: expulsão de Amoreirinha

O vermelho mostrado por Jorge Sousa, tão cedo no jogo, é invulgar para os hábitos do futebol português, mas corretíssima. A entrada de Amoreirinha, a varrer Melgarejo, foi uma aposta de risco na complacência do árbitro, precisamente por ser o primeiro lance de contacto. Para todos os efeitos, a expulsão tornou virtualmente impossível o que já em condições normais seria uma tarefa complicadíssima para o Vitória. Até porque no lapso de tempo necessário à reconstrução da defesa, com a entrada de Ricardo Silva, o Benfica pôs-se em vantagem com um golo, esse sim, com mácula.

A QUESTÃO: Melgarejo, claro

O jogo ideal para recuperar moral, depois de há uma semana ter sido lançado às feras. Jorge Jesus manteve o voto de confiança, e desta vez não teve razões para ficar preocupado. O paraguaio fica ligado aos dois lances determinantes (a expulsão e o primeiro golo) e, como bónus para a paz de espírito, viu o seu adversário direto, Pedro Santos, ser substituído ainda antes dos 15 minutos. Ficou com terreno livre para apoiar o ataque e combinou bem com Enzo Pérez. Tem bons pés e sentido de agressividade, claro, mas isso nunca esteve em causa. Fica por responder a questão mais importante: conseguirá evitar erros como os da primeira jornada quando for obrigado a defender com insistência?

OUTROS DESTAQUES

Rodrigo

Mais um jogo em cheio, como já tinha acontecido com o Sp. Braga. O encosto com que estendeu a passadeira vermelha para a goleada foi fácil, mas as constantes movimentações, a facilidade de drible e o a propósito com que descaiu para os flancos fizeram muito para desfazer o que restava da organização defensiva do Vitória. Acabou o jogo como ponta de lança e marcou um segundo golo de classe, após passe fantástico de Aimar. Está a segurar bem uma vaga no onze e, com isso, a fazer com que Jorge Jesus sacrifique um criativo no meio campo. Uma situação a rever em jogos mais exigentes.

Martins e Aimar, presentes

Foi preciso esperar 146 minutos para ver um jogador português em campo nesta Liga com a camisola do Benfica. Tal como na primeira semana, a grande forma de Carlos Martins voltou a ser sacrificada à intenção de jogar com dois avançados. O internacional português não demorou a deixar a sua marca, aproveitando as facilidades para iniciar a jogada do 4-0 e para mais duas ou três arrancadas vistosas. Depois, teve a companhia de Aimar, que em apenas 15 minutos assinou duas assistências de enorme classe. Não é fácil gerir tanta abundância, mas Jorge Jesus não poderá manter tanto talento no banco durante muito mais tempo.

Miguel Pedro

Começou à esquerda, mas com a expulsão de Amoreirinha passou a dar um apoio mais próximo a Meyong. Esteve ligado aos melhores lances da sua equipa, e ao único momento em que o Benfica sentiu que a vitória poderia não ser tão fácil como parecia: um remate em arco, fantástico, a obrigar Artur a grande defesa para canto (20 m), ainda com 0-1.