O Nacional saiu do fundo. Numa semana, inverteu a lógica. A mesma equipa que perdeu em casa com o Beira Mar conseguiu impor o seu futebol no Estádio D. Afonso Henriques, provando que a experiência é um posto. A juventude vitoriana passou ao lado do jogo (1-3).
No regresso ao berço, Manuel Machado foi mais feliz que Rui Vitória. O Nacional tem agora oito pontos e, imagine-se, passa a noite no 12º lugar, à frente do Sporting, por exemplo. A distância entre o fundo da tabela e o meio é relativamente curta.
Mateus estava no banco. Nem todos os problemas encontram uma solução com tamanha facilidade. Manuel Machado olhou para o lado, rendeu-se às evidências e acrescentou o ingrediente que faltava à sua equipa: velocidade.
Hoje como nunca, aceitando a publicidade que preenche a frente das camisolas do Nacional da Madeira, a solução estava no banco. Mateus pagara fatura alta pela exibição modesta frente ao Beira Mar. Respondeu com estrondo.
Tanto jogo nos pés de Mateus
O angolano entrou em campo e fez mais ou menos isto: ganhou a bola no flanco esquerdo e abriu caminho para o cruzamento de Marçal (1-1); aproveitou a falta de entendimento entre Ndiaye e Defendi para receber um passe de Rondón, fintar Douglas e fazer o 1-2; recebeu a bola à esquerda, correu até à área e viu Keita desviar para o terceiro.
Em vinte minutos, o Vitória de Guimarães desperdiçou aquilo que não merecera conquistar. O Nacional entrara melhor desde o apito inicial, lamentando um tremendo erro de Mexer. O excesso de confiança do central redundou numa grande penalidade que pode motivar protestos dos insulares. A equipa de arbitragem nem hesitou.
João Ribeiro converteu o castigo máximo. Ao minuto 14, o Vitória chegava à vantagem no reencontro com Manuel Machado. Rui Vitória, que lançara Siaka Bamba numa aposta pouco feliz, viu a formação minhota crescer com o golo mas sentiu o perigo que o pé esquerdo de Revson levou, por duas vezes, à baliza de Douglas.
O Nacional acusava a pressão dos resultados, depois de uma entrada em campo com boa postura, com aquela confiança no seu próprio estilo de jogo, embora a dose de futebol não valesse mais que o último lugar na Liga, à entrada para esta jornada.
Argumentos para mais
Diego Barcellos tem valor, Rondon idem, Keita pode ser mais difícil de aceitar num jogo que priveligia a contra-ofensiva mas saiu do Estádio D. Afonso Henriques com um golo, apontado com o peito.
Para além disso, Claudemir tem visão de jogo e Revson detém o tal pé esquerdo perigoso. Ou seja, condimentos mais que suficientes para aspirar a algo mais na Liga. Faltava, sobretudo, velocidade, capacidade de improviso.
Faltava Mateus. O angolano entrou ao intervalo e tudo mudou. O Vitória ruiu como um baralho de cartas, evidenciando lacunas que foram sendo disfarçadas ao longo da competição. Pouca tranquilidade nos momentos decisivos, algo natural numa equipa assente na juventude.
Rui Vitória, que falhara a aposta em Siaka Bamba, tentou emendar a mão. Para além disso, tirou o lesionado Soudani ao intervalo (Marco Matias entrou mas não é a mesma coisa) e o inconsequente Ricardo pelo caminho. André entrou para sair em maca, já com o 1-3 no marcador. Uma noite para esquecer dos vitorianos.