Rui Nascimento fez parte da equipa do V. Guimarães que conseguiu a melhor classificação de sempre da história do clube. Um terceiro lugar no campeonato e quartos-de-final na Taça UEFA na temporada de 1986/87 fazem correr a fita da narrativa atrás quando os «branquinhos» tinham nas suas fileiras jogadores da casta de Ademir, Roldão ou Paulinho Cascavel, o maior goleador que passou pela Cidade Berço.
Na sala de Imprensa, em Guimarães, Rui Nascimento traçou um paralelo entre o passado e o presente das duas equipas que viu por dentro. «Podem ser comparáveis e, na altura, perto do final de campeonato fomos à Luz e, se vencêssemos, poderíamos ser campeões, estávamos a dois, três pontos do Benfica. Esta equipa compara-se pelo seu balneário, pela entrega e confiança nos jogos, pela sua qualidade técnica, apesar de naquela altura as dificuldades serem maiores», sustenta. «O Vitória não tinha um plantel tão largo para suportar o campeonato, Taça de Portugal e Taça UEFA, mas com a entrega de todos e companheirismo conseguimos fazer coisas brilhantes. Esta equipa pode comparar-se a essa que foi das melhores do tempo do Vitória», caracteriza.
Outras aptidões são ainda relacionadas. «Em termos emocionais também são comparáveis. Esta equipa é muito forte, agora, naquela altura tínhamos um goleador que resolvia muitos jogos, Paulinho Cascavel. Tínhamos o Roldão, o Ademir que resolviam em termos individuais e apresentavam uma qualidade técnica muito alta. O Vitória de agora é mais na base do colectivo e da entrega e, este ano, a equipa tem três jogadores com cinco golos, golos que são divididos», nota.
Com os ventos favoráveis, o fiel escudeiro de Cajuda (ausente num colóquio no Porto) acredita em nova página de ouro. «Queremos fazer história e estamos aqui para fazer história. Já temos equipa e vamos até ao fim para levar este clube e estes jogadores ao mais alto nível», garantiu.
O mais alto nível será a Liga dos Campeões? «Não, é o máximo possível e não é fácil subir de divisão e estar nesta posição. É um campeonato brilhante e faltam oito finais para nós. Se vamos ficar no 2º, 3º ou 4º lugar não sabemos, vamos é lutar para a melhor classificação de forma tranquila. Já é um feito estar nesta posição. Queremos o melhor e fazer as coisas bem», disse.
O apuramento para uma competição europeia é, no essencial, o objectivo vitoriano. «Estamos mais pertos e o futebol é fértil em surpresas. Temos de ganhar jogos e fazer pontos e os pontos é que dão a Europa. Queremos surpresas boas e agradáveis», insistiu, confiante.
«Correr 94 minutos para o 2º lugar»
A luta no topo entre Benfica, V. Guimarães, V. Setúbal e Sporting mereceu ainda uma opinião objectiva de Rui Nascimento. «Ou o campeonato está mais equilibrado ou Sporting e Benfica estão menos fortes, mas há que dar o mérito às equipas bem classificadas. É bom algumas equipas intrometer-se entre os grandes, para não falar sempre dos mesmos. Falem um bocado do Guimarães, Setúbal, também têm direito à vida», indica.
Sobre a gestão da melhor classificação, o 2º lugar é, provavelmente, lícito no seio do balneário e entre os adeptos. «É legítimo tentar ganhar o jogo, os níveis psicológicos estão muito em cima e vamos fazer tudo para trazer os três pontos. Sabemos que provisoriamente podemos passar para 2º lugar e temos de correr 94 minutos. Só depois saberemos que ocuparemos a 2ª posição no campeonato. Faltam oito finais e queremos acabar o campeonato em beleza e com os objectivos atingidos», diz, a propósito.
Em qualquer caso, o adjunto de Manuel Cajuda, anda orgulhoso e quer continuar a manter o passo. «Estamos muito confortáveis no 3º lugar. O Vitória está a fazer um campeonato dentro daquilo que era o nosso objectivo, um pouco acima das expectativas, até porque é uma classificação honrosa. O Vitória tem praticado muito bom futebol e os profissionais têm sido inexcedíveis. Esperamos continuar até final da época com este andamento», rematou.