O Olhanense-Benfica devia ter levado bolinha no canto do ecrã, tão detestável o ambiente no relvado e fora dele.
A sensação que fica, após 98 minutos de emoções fortes e futebol muito maltratado, é que, desta vez, os problemas começaram de fora para dentro: foi como se os incidentes nas bancadas após o primeiro golo do Olhanense fossem alastrando ao campo, num crescendo de desvarios, que tiveram exemplos máximos nas atitudes de Djalmir, Di María e Miguel Garcia.
Por uma vez, seria bom que os habituais ânimos inflamados nas discussões sobre a Liga não se ficassem pelos argumentos do costume. Após esta noite, não faltará quem aponte o dedo à arbitragem de Artur Soares Dias, mas isso é tapar o sol com a peneira. Claro que houve erros - os mais flagrantes foram as admoestações perdoadas a Anselmo e David Luiz - mas a verdade é que Soares Dias até acertou na grande maioria das decisões difíceis. E nenhum árbitro do Mundo conseguiria escapar sem críticas a um jogo tão incontrolável como este se tornou, a partir dos 15 minutos.
Com adeptos incendiários e jogadores incapazes de gerir os nervos, sobra pouco espaço para o futebol português continuar a fazer de conta que as arbitragens são o único problema.