Um dia depois de perder o seu último vencedor, a Taça de Portugal despede-se também do finalista vencido. O V. Guimarães resistiu até aos penalties, embora tenha sido, até ao prolongamento, inferior ao Aves, que só baqueou quando se viu reduzido a dez. Foi feliz no fim e segue para a próxima eliminatória.

Foi quase sempre mais Aves. A equipa da casa entrou melhor, criou os melhores lances para golo e nunca se deixou subjugar à teia vimaranense, ainda muito enferrujada. Como se os papéis estivessem invertidos, era a equipa da Liga de Honra que ditava leis, que marcava os ritmos e indicava o caminho.

O V. Guimarães tentava seguir. Demorou a perceber a disposição dos homens de Paulo Fonseca e ainda se atrapalhou nos próprios pés quando começava a espraiar o seu futebol. Na verdade, nunca se viu muito do que pode valer a equipa de Rui Vitória, sobretudo no primeiro tempo.

Um meio campo povoado, mas sem ideias, e dois avançados quase sempre isolados do resto do mundo. Era este o Vitória que se via, perante um Aves que, sem brilhar, era mais batalhador e certeiro.

Mérito para Paulo Fonseca, o treinador. Mérito para uma estrutura que aposta em vários jogadores pescados nos escalões secundários e que merecem, de quando em vez, um holofote que os ilumine. O esquerdino Nélson Pedroso foi o que mais deu nas vistas, mesmo tendo sido expulso no prolongamento. Pedro Pereira brilhou na recta final. Geraldes, mais novo, completou a trilogia.

Azares e má fortuna

A primeira parte haveria de terminar com a mais flagrante ocasião de golo do Aves. Pires, por duas vezes, esteve quase a erguer os braços em júbilo. Mérito para Nilson, na primeira, azar na segunda. A bola foi ao poste. Era a síntese do jogo: na hora da decisão, algo corria mal.

Mas, neste campo dos azares e má fortuna, o Vitória também tem a sua dose de queixa. Que o diga Barrientos que, na primeira vez que tocou na bola e a dez minutos do final, viu a trave negar-lhe um golo feito. Seria injusto, sublinhe-se.

O Desp. Aves merecia, pelo menos, o prolongamento. Mesmo entrando mais receoso no segundo tempo, não se escondeu. E quando o jogo partiu e ameaçou castigar os mais inexperientes, sobreviveu.

Deu-se bem, o Aves, aliás, com essa toada quezilenta, de parada e resposta. Aproveitando o muito espaço nas costas de Bruno Teles, Pedro Pereira construiu um, dois, três lances que poderiam perfeitamente ter dado golo. Força a mais, precisão a menos, azar ou mérito do rival. Tudo aconteceu. Menos o golo.

Aliás, antes mesmo da bola à trave de Barrientos, o prolongamento já parecia inevitável. Esperar aqueles dez minutos, foi só uma formalidade. Era o segundo tempo extra que o Vitória jogava na edição deste ano da Taça.

A expulsão de Nélson Pedroso condicionou a atitude do Aves no prolongamento. Aí, houve mais Vitória, mesmo que a grande oportunidade tenha sido desperdiçada do outro lado, por Pedro Pereira. O estádio gritou golo. Em vão. Não haveria de gritar mais, até aos penalties.

Foi mais feliz o Aves, com Rui Faria a vestir a capa de herói. Defendeu três penalties, um deles «à Panenka» de Barrientos. Chegou.

Nota final para a arbitragem de Jorge Tavares: fraquinha.

FICHA DE JOGO:

Árbitro: Jorge Tavares (Aveiro)

DESP. AVES: Rui Faria, Geraldes, Tiago Valente, João Pedro e Nelson Pedroso; Pedro Cervantes (Amaury Bischoff, 80), Romeu e Grosso; Pedro Pereira (Ricardo Martins, 110), Pires e Vasco Matos (Renato, 101).

Treinador: Paulo Fonseca

V. GUIMARÃES: Nilson; Alex (Soudani, 107), Ndiaye, João Paulo e Bruno Teles; Pedro Mendes, Leonel Olímpio, João Alves (Faouzi, 67) e Nuno Assis; Toscano (Barrientos, 80) e Edgar.

Treinador: Rui Vitória

Golos:

Disciplina: Amarelo para Nuno Assis (17); Pedro Pereira (37); Tiago Valente (46); Nélson Pedroso (53 e 103); Leonel Olímpio (77); Alex (87); Bruno Teles (87); Grosso(89); Edgar (90); Barrientos (108). Vermelho para Nélson Pedroso (103).