«Foi um minuto que durou uma eternidade». É com esta frase, repetida por diversas vezes, que Toni relata ao Maisfutebol o que viveu na madrugada de sábado, quando um violento sismo abalou a cidade de Tabriz, no Irão, onde o técnico português vive agora.

«Em 1969, quando ainda era jogador do Benfica, estava em estágio quando aconteceu o sismo de Lisboa, mas não foi nada que se comparasse a isto. Embora o epicentro tivesse sido a cerca de 60 km de Tabriz, foi assustador. Foi um minuto que me pareceu uma vida inteira», contou o treinador do Tractor.

«Eu estava sentado no sofá. Tinha visto o jogo da Supertaça, os Jogos Olímpicos, e de repente, eram 3:00 da manhã, vi o candeeiro a abanar de forma violenta. Todo o prédio, que tem 20 andares, abanava. Ouvíamos os gritos das pessoas, das crianças, das mulheres... assustados com o que se estava a passar. Pensava "quando é que isto cai?" Pensei que era o fim», recordou Toni.

«Descemos pelas escadas, até ao jardim que fica na entrada do prédio, e, quando tínhamos acabado de chegar cá fora, sentimos outro sismo com a mesma intensidade».

O técnico conta que, nas redondezas, «a maioria das pessoas acabou por preferir dormir no jardim com cobertores ou em tendas», com receio de mais abalos. «Eu dormi no hall do prédio, nuns sofás que lá tem, e ali fiquei até de manhã. Foi quando fui a casa e vi que as paredes estavam cheias de fissuras», relatou Toni ao Maisfutebol, sentado no sofá, por baixo do mesmo mesmo candeeiro, a que agora chama de «sismógrafo».

Os portugueses João Vilela, Anselmo e Flávio Paixão, todos jogadores do Tractor e a viver em Tabriz, preferiram dormir no jardim, com cobertores, com medo que a terra voltasse a tremer. Flávio Paixão publicou na internet fotografias das fissuras deixadas pelo abalo nas paredes da casa e do local que lhes serviu de cama.

Este domingo, tanto o técnico como os jogadores, voltaram ao trabalho. «A vida tem de continuar. Hoje já tivemos treino e fomos partilhando algumas das nossas experiências do sismo», contou Toni. «É dia de luto no Irão e fomos sabendo que, nas zonas mais rurais, cerca de 90 por cento das casas foram arrasadas».

Os dois sismos fizeram mais de 200 mortos e 2000 feridos. Para os portugueses, felizmente, não passou de um susto, embora tão cedo não esqueçam a madrugada de sábado.