Vitali Lystcov, central russo que está no Tondela emprestado pelo Benfica, entrou com uma cara de desespero na sala de conferência de imprensa do estádio João Cardoso, depois de um jogo em que brilhou com um grande golo. Trazia pouca vontade de falar, justificada pela timidez, mas colocou-a de parte, pediu aos jornalistas para falarem devagar, sorriu e respondeu a tudo o que lhe perguntaram.

«Ele está envergonhado», alertou o diretor de comunicação do clube beirão, mesmo que não fosse preciso a confirmação do que todos viam.

«Ohhh», suspirou o russo, antes de avançar: «Devagar, e eu percebo».

O Maisfutebol avançou, recordou o golo que o central marcara de livre e perguntou-lhe se era fruto de muito treino. «Hum. Fogo é difícil», atirou com a mão a esconder a cara e o sorriso tímido. «Mais uma vez. Vá. Let's go», pediu, respirando fundo.

Repetimos a pergunta.

«Sim, todos os dias. Depois do treino, durante dez ou quinze minutos, trabalho sempre os chutos.»

E já tinha marcado um golo assim?, continuamos.

«Pfff. Não. Eu marco sempre as faltas de muito longe, também na national team... seleção, eu chuto muito, mas esta foi a primeira vez que marquei. E saiu este bonito golo.»

Perguntamos ainda se foi pena o Boavista ainda ter empatado, e o nosso interlocutor não hesita. «Sim. Nos últimos minutos perdemos concentração, mas é normal e vamos trabalhar para ganhar o próximo jogo.»

E Vitallii Lystcov já se sente mais ambientado ao clube, questiona um colega na sala.

«Bentado?!» Adaptado, corrige o colega para alívio do russo. «Ahh. Adaptado, sim, sim. Aqui há um coletivo muito bom, são todos boas pessoas e, desde o primeiro dia, todos me ajudam. Por isso tem sido tranquilo e muito bom para mim.»

«Já está? Fogo...», deixou na despedida, mas com a timidez do sorriso inicial a transformar-se em satisfação. E alívio, acreditamos.