Houve Taça em Torres Vedras só para quem não viu o jogo. O Torreense eliminou uma equipa da Liga, mas foi-lhe superior em quase todo o jogo e só o tempo e Jorge Batista adiaram a justiça do resultado. O Gil Vicente cai na Taça de Portugal, outra vez com o Torreense, como em 1957, na única ocasião em que as duas equipas se defrontaram. Também a História jogava a favor dos locais.

Recorde o AO MINUTO

Um primeiro tempo de pouco interesse teve na ponta final uma promessa de bom futebol para lá do descanso. Sobretudo, por parte do Torreense, que terminou em cima do Gil Vicente e só não ficou à frente do marcador porque Jorge Batista fez aquilo para que lhe pagam: não deixar entrar a bola na baliza gilista.

Os barcelenses vinham com a intenção de passar para o papel a teoria de um confronto entre uma equipa da Liga e uma da II Divisão. Na prática, não foi bem assim. Aliás, não foi nada assim.

Enquanto ao Gil Vicente foram faltando ideias, à equipa de Toni Pereira sobrou vontade. Um remate, de livre, dos gilistas foi, durante muito tempo, o que melhor aconteceu nos 45 iniciais. Até que o Torreense se soltou.

Marçal começou a fazer da lateral-esquerda uma auto-estrada, Hugo Pina aplicava cabedal no miolo e Ruben Gouveia trazia ao jogo o que faltava aos minhotos: um pensamento de futebol.

Assim, o primeiro tempo acabou com o Torreense a jogar perto da área gilista, tão perto que um cruzamento de Marçal quase fazia de Ruben o autor do 1-0. Jorge Batista evitou o golo com uma grande estirada, mas, ali, naquele instante, já não restavam dúvidas. O Gil Vicente ia sofrer em Torres Vedras.

Uma indignação por uma promessa cumprida

Se o futebol fosse uma campanha eleitoral, a promessa do Torreense ficaria no apito de Bruno Paixão para o descanso. Mas como não é, foi mesmo cumprida e a equipa da casa partiu para cima dos gilistas. Em três minutos, no segundo tempo, obrigou Jorge Batista a duas defesas, uma delas crucial, e ainda atirou ao poste! O público não saía à rua, mas indignava-se nas bancadas pelo 0-0 vigente. Tinha toda a razão, diga-se.

Só que do lado contrário havia um líder que via a equipa recuar e, com uma substituição, puxou-a para a frente. Paulo Alves lançou Yero e retirou um apagadíssimo Guilherme. O Gil Vicente podia não ter futebol bonito, mas agora, pelo menos, tinha uma estratégia: bola no gigante da frente e depois médios e extremos a chegar.

Só que isso não garantia quase nada aos barcelenses. Servia para a equipa chegar ao meio-campo contrário, serviu para equilibrar durantes alguns minutos, mas depois ruiu no remate certeiro de Ricardinho.

O camisola 6 do Torreense fez justiça ao pontapé, com um grande golo aos 80 minutos. A indignação pelo nulo deu lugar a celebrações. Pelo menos, na Taça, esta SCUT (Sport Clube União Torreense) tem razão de ser. E tem razão para ser festejada, porque foi melhor que o «mais rico» e venceu-o.

FICHA DE JOGO

ESTÁDIO: Parque de Jogos Manuel Marques

ÁRBITRO: Bruno Paixão

TORREENSE:: Márcio; André Santos, Dorival, Anta e Marçal; Pina e Kaká; Miguel Paixão (Ricardinho, 65), Ruben e Brito (João Pedro, 90); Carlos Alberto (Diego, 63)

Suplentes não utilizados: Leão, Diogo Mateus, Canoa e Gean.

GIL VICENTE: Jorge Batista; Éder, Halisson, Cláudio e Júnior Caiçara; Luís Manuel (Daniel, 87), Pedro Moreira e Richard; Guilherme (Yero, 53), Luís Carlos e Laionel (Bruno Filipe, 74).

Suplentes não utilizados: Murta, João Pedro, Sidnei e Paulo Lima.

AO INTERVALO: 0-0

DISCIPLINA: cartão amarelo a Pedro Moreira (32m), André Santos (65m), Hugo Pina (68m), Cláudio (86m) e Bruno Filipe (90m)

MARCADORES: 1-0, Ricardinho (80m)