A Naval 1º de Maio andou por águas tranquilas na deslocação ao terreno do Serzedelo, 7º classificado da Série B da III Divisão. Nem houve tempo para se fazer a festa da Taça de Portugal na sua plenitude, uma vez que a equipa de Ulisses Morais inaugurou o marcador à passagem do primeiro quarto-de-hora e só susteve o seu ímpeto quando a questão estava definitivamente resolvida.
O Campo das Oliveiras engalanou-se para um tarde de futebol especial, com muita gente a dar outro colorido às bancadas amarelas e verdes. O público sonhava com a surpresa e encheu quase por completo a bancada central, deixando as clareiras para os lugares atrás das duas balizas. Seria receio da pontaria desafinada dos avançados.
Aliás, a Naval começou por mandar, literalmente, a bola para as couves, expressão popular que faz verdadeiramente sentido quando, atrás dos postes defendidos por Paulo Jorge na etapa inicial, se encontrava um imenso quintal com capacidade para albergar vários esféricos sem rumo.
Ulisses Morais juntou a sua artilharia pesada e utilizou de início, pela primeira vez, dois pontas-de-lança de raíz. Saulo jogou nas costas de Marcelinho e Elivelton, juntando-se a um teste ofensivo que terminou empatado ao cabo dos primeiros quarenta e cinco minutos. Elivelton abriu o marcador (15m), provando ser uma alternativa válida até nos lances defensivos, em que serviu não raras vezes de central para afastar o perigo.
Quebrada a resistência do Serzedelo, o experiente Gilmar nem precisou de acelerar para trilhar o caminho para mais dois golos. Com lances provenientes do flanco direito, Marcelinho e Saulo arrumaram a questão antes da meia-hora. O público local esfriou perante os tentos dos adversários mas acabou por despertar para fazer uma festa ainda assim bonita, como prémio para os heróis locais.
O amadorismo é lei no clube da zona de Guimarães e, entre os onze homens que iniciaram o encontro, apenas um chega ao estatuto de semi-profissional. De resto, encontravam-se um relações públicas e um motorista entre oito operários têxteis. Nem o apoio moral de Carlos Daniel, conhecido jornalista da RTP que é cunhado do técnico Marcos Alves, serviu para esbater as diferenças entre as duas equipas.
Ao minuto 43, Luís esteve perto de um momento de glória, com um movimento típico de ponta-de-lança. À Van Basten, salvo as devidas proporções. O avançado local disparou cruzado, sem hipóteses para Taborda, mas a bola foi devolvida caprichosamente pelo poste da baliza navalista. Com a defesa do Serzedelo completamente à deriva, apesar das boas indicações deixadas pelos outros sectores, a Naval tinha via aberta para a vitória. Na etapa complementar, houve maior equilíbrio, porque os homens da casa soltaram amarras emocionais e os da Figueira da Foz desaceleraram, mas o resultado final estava feito.
IV Eliminatória da Taça de Portugal
Campo das Oliveiras (Serzedelo)
Árbitro: Vasco Santos (A.F. Porto)
SERZEDELO (4x4x2): Paulo Jorge; Luís Miguel, Carlos Martins, Quim Duarte e Pedro Barroso; Rui Novais, Guilhaume (Gil, 55m), Ricardinho (Ricardo Salgado, 78m) e Maurício; Miguel Mota (Hélder Silva, 72m) e Luís.
Suplentes não utilizados: Rui, Rui Garcia, Nera e Diogo Lamosa
Treinador: Marco Alves
NAVAL (4x4x2 losango): Taborda; Mário Sérgio, Gaúcho, Diego e China; Godeméche, Gilmar (Lazaroni, 65m) e Dudu; Marcelinho, Saulo (Wandeir, 73m) e Elivelton (Eanes, 52m).
Suplentes não utilizados: Wilson Júnior, Lopes, Hugo Santos e Davide.
Treinador: Ulisses Morais
Golos: Elivelton (15m), Marcelinho (24m), Saulo (29m)
Disciplina: cartão amarelo para Gaúcho (51m), Gilmar (57m), Saulo (66m), Carlos Martins (81m), Rui Novais (83m), Gil (90m)
Resultado final: 0-3