A festa fez-se em casa emprestada, em Santa Maria da Feira. O vizinho Feirense, solidário, até por ter experiência na matéria, cedeu o Marcolino de Castro, mas os 17 kms que distam até Oliveira de Azeméis nunca devem ter parecido tão longos aos apaniguados da equipa da II Liga. O estádio foi, desta feita, talismã para Pedro Miguel, que, quando era jogador, há 20 anos, viu aqui mesmo fugir-lhe o bilhete do Jamor frente ao F.C. Porto.

Agora, a formação que não ambiciona a mais do que uma época tranquila, passa pela primeira vez na sua história às meias-finais da Taça de Portugal, cheia de orgulho. Com alguns jogadores tarimbados na Liga - o goleador Adriano, o tal que já foi dragão, será o expoente máximo - , e dirigidos de forma competente pelo jovem treinador, eles ai estão, comandados pelo sonho!

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Ao contrário, para os algarvios, nem a motivação de fazer história em ano de centenário serviu de inspiração. Voltar à mítica final, 57 anos depois da última, e única, presença do Olhanense, perdida (1-0) com polémica para o Sporting, vai ter de ficar para o ano. Mas a exibição dos jogadores de Daúto Faquirá merece reflexão no seio do clube de Olhão.

Os cantos da vitória

Os de Oliveira de Azeméis entraram mais afoitos, mas sem criar perigo de monta, deixando ainda espaços para o contra-ataque forasteiro. Foi, todavia, a partir de um livre lateral batido por Wilson Eduardo que os olhanenses se adiantaram no marcador. A defesa «local» não fica isenta de culpas, permitindo a Cauê cabecear sem oposição.

A Oliveirense respondeu com cantos. Muitos cantos. Alguma pressão, a obrigar os algarvios a recuar e a prova de que os da «casa» também tinham as bolas paradas bem estudadas. Clemente restabeleceu o empate, em lance (bem) ensaiado, e tudo voltou à casa de partida. A equipa de Pedro Miguel continuou a acreditar, não perdendo nunca de vista a baliza de Bruno Veríssimo.

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O Olhanense é que, se chegou a entrar na partida, desapareceu completamente dela. Excepção feita a um cabeceamento de Wilson Eduardo, para grande defesa de Bruno, na antecâmara do segundo da Oliveirense, e praticamente não se viu mais nada dos rubro-negros na primeira parte.

A defesa algarvia, que já havia sido surpreendida da primeira vez, não aprendeu a lição e sofreu novo golo de um canto da esquerda. Desta feita, foi Rui Lima quem, ao segundo poste, interpretou bem o lance e fuzilou Bruno Veríssimo. Estava consumada a reviravolta no marcador. Cheirava a tomba-gigante...

A equipa de Pedro Miguel não baixou em demasia as linhas, já depois da vantagem, e nem mesmo quando os algarvios carregaram com tudo o que tinham em campo e no banco deram sinais de poder vacilar. Pelo contrário, mandaram durante largos períodos do jogo, desperdiçaram várias vezes o golo do descanso, e Bruno Veríssimo até teve de se aplicar para evitar males maiores.

O sufoco final foi superado com um cerrar de dentes e muito coração. Nota final: qualificados, com distinção.