Expectativa, emoção, golos, falha de luz e o Feirense nos quartos de final da Taça de Portugal. Após nulo nos 90 minutos, a equipa de Nuno Manta Santos reagiu à desvantagem no prolongamento e carimbou os «quartos» da prova rainha nos penáltis. Fogaceiros pela segunda vez na história da prova entre os oito melhores, quase 27 anos depois da primeira e última vez.

Eram realidades distintas dos respetivos campeonatos a colidirem na Taça. O Feirense a tentar fugir aos últimos lugares da Liga. O Paços à procura do retorno à elite, a apresentar-se quase com o figurino da II Liga no Marcolino de Castro. Já Nuno Manta Santos mudou mais de meia equipa em relação à goleada sofrida em Braga, deixando várias das primeiras opções no banco. Destaque para o regresso de Philipe Sampaio, dois meses após lesão.

A experiência de Liga de muitos jogadores e do próprio treinador do Paços ajudou a equilibrar as forças, ainda que o espetáculo do futebol tenha perdido aqui e ali pelo pragmatismo e necessidade de não errar de parte a parte.

A equipa de Nuno Manta foi aguerrida e combativa, mas chegou menos vezes à baliza de Marco, perante um Paços bem posicionado que pecou pela qualidade na definição ao aproximar-se da área fogaceira.

Diaby foi pêndulo constante no apoio ao quarteto defensivo dos pacenses, que procuraram sempre pressionar a saída de bola contrária através de Luiz Carlos e sair rápido com a velocidade de Uilton e Fatai pelos flancos.

Tudo isso resultou em quatro avisos. Se o primeiro mereceu atenção redobrada de Brígido para negar o golo a Luiz Phellype (3’), as restantes pecaram na definição. Luiz Phellype falhou o cabeceamento (25’) e depois, em duas recuperações perto da área, Christian e Fatai não aproveitaram.

Já o Feirense, contido numa primeira parte, teve a melhor ocasião até ao intervalo, mas Marco Soares, completamente só, cabeceou por cima (18’). Logo a seguir, o cabo-verdiano serviu Luís Machado para um remate a rasar o ferro.

Feirense-Paços Ferreira: filme e ficha de jogo

Na segunda parte, a entrada de Tiago Silva – só após lesão de Farias – deu mais sentido ofensivo ao Feirense, mas foi o Paços a crescer a partir da hora de jogo. Mais esclarecida, a equipa de Vítor Oliveira quase marcou, após Uilton servir Luiz Phellype, traído pelo pé de apoio quando tinha a baliza à mercê. O avançado voltou a avisar após canto, mas Brígido estava atento.

Alerta amarelo para o Feirense, que equilibrou quando Crivellaro refrescou o meio campo e quase decidiu na compensação, mas falhou perante Marco. De resto, ocasiões escassas, jogo contido e desconfiado ao tic-tac do relógio.

No prolongamento, houve mais Feirense, mas foi o Paços a gozar da eficácia, com Marco Baixinho a piscar o olho aos «quartos» com um desvio após canto e muita confusão na área.

Com 23 minutos para evitar os penáltis, o Feirense viu empate adiado pela falta de pontaria de Marco Soares e por 18 minutos de paragem devido a um apagão total de luz.

O jogo esfriou, mas a motivação do Feirense não e Tiago Silva deu nota disso: empatou tudo aos 113’, num remate de fôlego e esperança com o pé esquerdo, de fora da área.

Nada evitou a decisão da marca dos onze metros e aí foi mais forte o Feirense. Tiago Silva tinha agarrado a equipa à eliminatória e ainda provocou desvantagem com o único penálti falhado da equipa, mas Brígido defendeu dois e Luís Machado carimbou a qualificação, já após remates certeiros de Edinho, Valencia e Crivellaro.