Uma nova competição, o mesmo andamento. Uma semana depois de terem protagonizado uma chuva de golos (4-3) para a Liga, FC Porto e Tondela voltaram ao Dragão para discutirem a passagem aos oitavos-de-final da Taça.

Passaram os campeões nacionais e detentores do troféu. Com mérito, mas não sem algum sofrimento.

Na noite fria (também pela falta de público), o Tondela voltou a apresentar-se com uma linha de cinco defesas, mas não veio para se acantonar junto à baliza de Trigueira.

Apesar da calvície e da nacionalidade, Pako não é Pep, como Conceição afirmou na antevisão (por outros motivos), mas o Tondela sabe o que fazer com a bola.

Do lado contrário, o FC Porto que fez quatro trocas no onze em relação ao jogo da última jornada da Liga (entraram Diogo Costa, Diogo Leite, Grujic e Corona) e entrou praticamente a vencer: aos 4 minutos já Taremi num golo insólito, num ressalto com a coxa, abria o marcador.

Se o 4-4-2 portista cobre melhor o ataque, destapa um pouco mais a defesa.

A equipa beirã chegava com facilidade ao último terço portista graças também à velocidade de Murillo e à qualidade técnica de Mario González, cedido pelo Villarreal. Foi assim no golo de João Mendes.

A verdade é que por outro lado, o FC Porto também encontrava espaços na baliza contrária. Otávio ou Corona acabavam invariavelmente por descobri-los. O mexicano lançou Corona no primeiro golo, o brasileiro cruzou para Marega colocar o FC Porto em vantagem (aos 24m) quatro minutos depois do empate.

Marega podia ter encaminhado o resultado aos 48m, quando o velocíssimo Zaidu o pôs frente a frente com Trigueira. Desequilibrador, o lateral nigeriano a sair com queixas musculares aos 60m. Vai daí que Conceição lançou Díaz e colocou Manafá à esquerda e puxou Corona para lateral. O treinador portista haveria de assumir em definitivo um mais cauteloso 4-3-3 (4-5-1 a espaços) nos 20 minutos finais, ao lançar João Mário e Romário Baró para os lugares de Taremi e Sérgio Oliveira (já amarelado).

Trancas à porta? Trancas à Taça! O FC Porto aprendeu a lição de há uma semana e não teve problemas em assumir o sacrifício em prol de um bem maior.

Quem defende bem na Champions (cinco jogos sem sofrer golos), tem grandes hipóteses de sucesso se aplicar a mesma fórmula nas provas internas.

Pois então, o FC Porto defendeu, cobriu espaços, lutou por cada bola. Vestiu o fato de macaco e acabou por alcançar o objetivo. Que só perigou no minuto em que Souley atirou de cabeça por cima (87m).

Luta e trabalho são traços genéticos do ADN portista. Quando não há deslumbramento, há pelo menos garantia de compromisso.

Faz parte. E resulta. Seja com o City de Pep ou com o Tondela de Pako.