O Estoril venceu, pela primeira vez, na fase de grupos da Taça da Liga e dorme na liderança do grupo, enquanto aguarda pelo desfecho da partida de quarta-feira entre Marítimo e Sp. Covilhã. Os canarinhos derrubaram o Gil Vicente por 3-0, e colocam a equipa de José Mota fora da competição.

O calendário apertado e, no caso do Gil Vicente, a situação complicada na tabela classificativa, levaram os técnicos a preterir algumas das principais figuras, promovendo alguns actores que, até então, tiveram papel secundário.

Uma oportunidade para alguns deles gritarem presente e chamarem à atenção dos seus treinadores. Ainda assim, a tarde foi dos catedráticos puxarem pelos galões. Kléber mostrou porque o FC Porto investiu na sua contratação, com uma primeira parte verdadeiramente diabólica que causou pesadelos aos centrais gilistas.

Além do camisola 13, Couceiro sabia que tinha na frente outras duas motas para secundarem a sua referência. Fernandinho e, principalmente, Sebá andaram sempre em excesso de velocidade, fazendo uso da liberdade que o técnico lhes concede para decidirem no último terço do terreno.

Estava montado o cenário para o Estoril chegar-se à frente e fê-lo anda bem cedo, por Kléber, num lance em que beneficiou da ausência de Gladstone, que havia ficado a reclamar falta num duelo anterior, para levantar, pela primeira vez, a Amoreira.

De resto, as movimentações dos três avançados do Estoril, principalmente dos canhotos Fernandinho e Sebá, deixaram os gilistas em papos de aranha, e a formação orientada por José Couceiro ia aproveitando para criar lances de perigo. Kléber voltou a tentar num lance acrobático, seguindo-se-lhe Afonso Taira, mas ambos mostraram mira desafinada.

Pelo meio houve ainda tempo para alguns fogachos do Gil, com Luís Silva, de fora da área, a dar voz ao grito dos de Barcelos. Foi sol de pouca dura. José Mota procurava corrigir posições e procedimentos, várias vezes se virou para o banco inconformado com o que via, porque sabia que os seus jogadores sabem e podem fazer melhor.

O que Mota pretendia, no fundo, era uma equipa agressiva, concentrada e ambiciosa, à sua imagem. Não ficou, por isso, satisfeito com o segundo golo, nascido de um lançamento lateral que terminou com Matías Cabrera a encostar à boca da baliza.

Mais do que avaliar se era justo, o resultado ao intervalo premiava quem mais tinha procurado ser feliz.
 
Mais Gil abafado por míssil de Sebá

José Mota levou uma série de indicações para transmitir aos seus jogadores. Mas tão importante como os aspectos tácticos foi puxar-lhes pela alma. E eles disseram presente, com um bom início de segunda parte.

O sinal mais visível desta camuflagem dos galos foi uma cabeçada de Diogo Valente que exigiu uma defesa de altíssimo nível de Vagner. Mota sentia que a equipa estava a melhorar e mexeu. Tentou dar-lhe mais poder de fogo.

Do outro lado Couceiro, atento, não queria ver o jogo fugir-lhe por entre os dedos e chamou Tozé ao jogo. Mais um consagrado da Amoreira que veio repor a ordem natural das coisas.

A equipa baixou linhas, esperou pelo adversário, tirando proveito da vantagem que trazia dos primeiros 45 minutos, e deixou correr o tempo.

Afinal, há jogo já no fim-de-semana e muitos destes actores voltarão a ser lançados no onze.

O jogo, ainda assim, não terminaria sem um rasgo. Um lance de génio. E ninguém mais do que Sebá merecia o momento. O brasileiro, que tem coisas de Hulk, puxou pela canhota e assinou um golo de bandeira.

Saiu pouco depois debaixo de uma salva de palmas. Foi ele dos que mais contribuíram para que os canarinhos durmam na liderança do grupo enquanto aguardam pelo desfecho do encontro de amanhã.