Começou com uma vitória tangencial sobre a Irlanda do Norte (2-1) o novo ciclo da selecção nacional de sub-21, na estreia de Oceano Cruz como responsável técnico. Com um grupo que já vinha sendo trabalhado há um ano por Rui Caçador neste escalão, a Guarda assistiu a um daqueles jogos em que, ao contrário do habitual chavão, a exibição até foi mais interessante do que o resultado. Como principal destaque da tarde, a belíssima jogatana de Fábio Coentrão e a confirmação de Castro, Yazalde, Adrien e Carriço como jogadores maduros.
Durante a primeira parte Portugal teve motor à esquerda: foi a confiança de Fábio Coentrão a alimentar as acelerações da equipa portuguesa, com um domínio acentuado na posse de bola, mas ainda algo intermitente nas chegadas à área. Duas razões de fundo para esse problema: a pressão intensa de uma Irlanda do Norte limitada mas generosa na entrega física; e, mais determinante, alguma precipitação na forma como a equipa procurava a velocidade dos extremos nas costas dos homens de verde, traduzindo-se em muitos passes longos perdidos nas laterais.
Ainda assim, o massacre de Fábio Coentrão ao lateral-direito Casement teve como frutos umas quantas chegadas à linha de fundo, com Castro, por duas vezes, e Yazalde a inquietarem seriamente o guarda-redes O¿Neill. Lá atrás, tudo assentava na serenidade de Carriço, a referência de um quarteto defensivo que tinha Pereirinha de volta à posição de lateral-direito. Daí para a frente, Oceano pedia calma e paciência na circulação e quando os seus jogadores o ouviam via-se a diferença: a Irlanda do Norte foi perdendo frescura com o passar dos minutos e chegou ao intervalo já em nítidas dificuldades.
As entradas de Candeias e Tengarrinha ao intervalo deram mais profundidade à equipa e adivinhava-se o primeiro golo, desenhado num contra-ataque exemplar, que Yazalde concluiu e Coentrão, o jogador que mais o procurava, finalizou com classe. A vantagem animou a equipa portuguesa que embalou para dez minutos vistosos e contundentes, premiados com o segundo golo, em mais uma cabeçada de Yazalde.
A partir daí, com as substituições a sucederem-se, era quase inevitável que Portugal levantasse o pé. A Irlanda do Norte fez das fraquezas forças e chegou com alguma frequência à área portuguesa, acabando por encurtar distâncias num penalty convertido por Duffy. Uma diferença mínima no marcador que nem a expulsão de Flynn serviu para acentuar, numa altura em que Oceano já se impacientava com a desorganização final dos seus jogadores, a atenuar um pouco a imagem de uma superioridade clara durante 70 minutos.
Ficha de jogo
Estádio: Municipal da Guarda
Árbitro: Artur Soares Dias (Portugal)
PORTUGAL: Rui Patrício (Ventura, 46); Bruno Pereirinha, Daniel Carriço, André Pinto (Miguel Vítor, 70) e Ruben Lima; André Santos (Tengarrinha, 46), Adrien e Castro (Marco Matias, 66); Ukra (Candeias, 46), Yazalde e Fábio Coentrão (Rui Fonte, 81).
Suplentes não utilizados: Nélson Oliveira
IRL. NORTE: O Neill, Casement, Flynn, Duffy e Magnay; Lowry (Norwood, 46), Evans (Shroot, 57), Garret e Ferguson (Donnelly, 46) (Gibb, 80); McGurk (Lawrie, 41) e Magennis
Suplentes não utilizados: Carson
AO INTERVALO: 0-0
DISCIPLINA: cartão amarelo a Corry Evans (45), André Santos (45), Flynn (61 e 76); cartão vermelho a Flynn (76)
MARCADORES: 1-0, por Coentrão (57); 2-0, por Yazalde (62); 1-2, por Duffy (75)