Os números sustentam a impressão que se tem ao olhar para as duas equipas: Sporting e Benfica nunca estiveram tão longe um do outro no final do primeiro terço da liga. Uma análise às 79 épocas do campeonato, torna este derby logo no início do segundo terço o mais desnivelado de sempre.

Nesta altura há quinze pontos a separar as duas equipas, no fim de oito vitórias e dois empates encarnados e de duas vitórias e cinco empates leoninos. Nos últimos vinte anos, aliás, o Benfica nunca tinha feito tantos pontos ao fim de dez jornadas. Nem sequer quando foi campeão em 09/10.

Na verdade é preciso recuar até 83/84 para encontrar um Benfica melhor: nessa altura, ao fim de dez jornadas, a formação de Eriksson tinha nove vitórias e um empate. Foi campeão. Melhor só na época anterior: dez jornadas, dez vitórias. Foi campeão, ganhou a Taça e foi à final da Taça UEFA.

O Sporting, por outro lado, está no plano oposto. Os onze pontos ao final de dez jornadas não encontram paralelo nos últimos quarenta anos. Só a época de 64/65 se aproxima, quando os leões somavam três vitórias e três empates ao fim de dez jogos (mais um ponto do que a atual equipa).

Essa foi a época, recorde-se, que teve o pior início da história do Sporting... até surgir este. Nessa altura, a equipa leonina (que era o vencedor da Taça das Taças em título) teve três treinadores ao longo do ano e terminou em quinto (a pior classificação da história leonina). Este Sporting está pior.

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Voltando à diferença de quinze pontos no fim do primeiro terço, convém reiterar que não encontra paralelo em nenhuma das 79 épocas do futebol nacional. O mais próximo que há disso aconteceu... há 75 anos. Foi uma época (36/37) dominada pelo Benfica, que conquistou o bicampeonato.

Nessa altura, e quando o campeonato era disputado por oito equipas, os encarnados ganham os primeiros cinco jogos (seriam quinze pontos se a vitória valesse três pontos), mais sete poontos do que o Sporting. Ora num campeonato de trinta jornadas, equivaleria a 14 pontos de diferença.

Geralmente, de resto, Sporting e Benfica terminam o primeiro terço próximos. As exceções são raras e além dessa época 36/37 (14 pontos pelos regulamentos atuais), há a época 64/65 (o tal ano horrível do Sporting), na qual o Benfica fecha o primeiro terço com uma vantagem de treze pontos.

As melhores épocas leoninas foram nos anos 40 e 50. Em 48/49, quando Peyroteo fez 40 golos e o clube ganhou o tricampeonato, o Sporting terminou o primeiro terço da liga com o equivalente a 12,5 pontos de avanço. No início do tricampeonato, em 46/47, tinha dado 11,2 pontos de avanço.

O último exemplo de desnível ao fim do primeiro terço aconteceu em 57/58, no ano de Travaços e Vasques que terminou com a celebração do primeiro título no novo José de Alvalade. Nessa época, o primeiro terço do campeonato acabou com uma vantagem leonino correspondente a 11,2 pontos.

Curiosamente, sempre que um dos clubes chegou ao fim do primeiro terço com grande vantagem sobre o rival da cidade, acabou por ser campeão nacional. Este ano, porém, o Benfica chega ao final do primeiro terço com grande vantagem sobre o Sporting, mas lado a lado com o F.C: Porto.

Já o Sporting é o pior da história, só com paralelo na época 64/65, mas ainda assim abaixo dessa equipa que terminou na pior classificação da história leonina. O desafio de Vercauteren, para já, é fazer melhor do que essa equipa: a começar no derby de Alvalade, no qual empatou 2-2.