A figura: Markovic

Génio e para se decorar. Quem esteve no José Alvalade, seja do Benfica ou do Sporting, desde que seja adepto de futebol teve de sair admirado com o camisola 50 dos encarnados. Duas jogadas absolutamente geniais, a primeira a aproveitar um erro da defesa leonina. Encarou tudo e todos de frente, mas Patrício, gigante, negou-lhe o empate. Praticamente na segunda vez que apanhou a bola, colou-a ao pé, e parecia Usain Bolt a deixar adversários para trás. Mas com uma bola, repita-se. Enquanto Markovic ia em fast forward, os leões pareciam em slow motion. Perante Patrício, atirou por baixo, com classe e igualou o dérbi. No resto do tempo, tentou sempre acelerar como tinha feito, mas por vezes foi demasiado individualista. É um senão, mas com a idade que tem, há tempo para aprender e tornar-se - sim, é para escrevê-lo sem rodeios - num caso muito sério no futebol do Benfica e europeu. É um pequeno genial.


Outros destaques


Ruben Amorim


Chegou ao Benfica no mesmo ano de Quique Flores e apresentou-se como encarnado do berço até ao caixão. Começou no banco, mas trouxe melhorias significativas ao futebol encarnado. O dérbi bateu bem no peito do único português do lado das águias, que preencheu o meio-campo melhor que Enzo Pérez e deu luta a Adrien e André Martins. Uma substituição forçada, e que possivelmente não estava prevista antes do encontro, mas que se tornou decisiva para o Benfica equilibrar forças. Do lado encarnado, o dérbi passou muito pelo que emprestou o 6 à equipa.


Nico Gaitán


Durante a primeira parte foi o único a conseguir romper linhas do lado encarnado. Conseguiu fazer os movimentos interiores como tanto gosta e, quando o conseguiu, foi quando o dérbi teve um pouco de encarnado e os adeptos leoninos aguentavam a respiração. Não o fez com a cadência necessária para que o perigo rondasse a baliza de Patrício, mas quer com a bola colada no pé, quer com passes, como aquele excelente aos 33 minutos a deixar Cortez com caminho aberto, Gaitán era o sinal positivo no Benfica em termos ofensivos. Logo no início do segundo tempo, foi o terceiro benfiquista a sair lesionado da partida.


Cardozo


Poucos treinos coletivos com a águia mas um currículo de golos em Portugal levaram-no a ser chamado por Jorge Jesus. Depois de tudo o que protagonizou, desde o Jamor até ao dérbi de Alvalade, voltou a pisar o relvado com as cores encarnadas. Não marcou no dérbi, mas assim que entrou o Sporting sentiu a presença de Cardozo. Não está tão bem quanto Jesus dizia, impossível seria se estivesse com ritmo de competição. Fica o registo do regresso de um jogador que a bancada aplaudiu e que, por isso, perdoou.


Bruno Cortez


O Benfica até causou perigo quando o lateral brasileiro apareceu no ataque, aos 33 minutos, mas Cortez é, de longe, a fragilidade encarnada neste princípio de época. Às vezes, parece mesmo que o que se está a passar em campo não lhe passa pela cabeça. É um pormenor, mas um jogador experiente, num dérbi, não faz um lançamento lateral a muitos metros de onde a bola saiu. Um lateral, qualquer um, sabe isso desde os juvenis. Revelou dificuldades gritantes para passar a bola. O Benfica inicia a construção ofensiva muitas vezes pelos laterais, mas pelo lado de Cortez só desequilibrou uma vez, aquela já referida.