João Pinto e Paulinho Santos, dois nomes que faziam faísca em campo, dois adversários que começaram a decidir o primeiro Clássico da época. Jogos grandes! Eis um dos fatores decisivos no Sporting campeão de há dez anos. Os leões não perderam qualquer jogo frente aos principais rivais, nem mesmo reduzidos a oito (!) nas Antas!

Voltemos a João Pinto e Paulinho Santos, o 20 do FC Porto. Bola no pé do primeiro, o segundo na marcação. João Pinto faz a bola passar por trás da perna esquerda. Paulinho Santos «torce» os rins, cruzamento, e a cabeça de Niculae a inaugurar o campeonato. O Sportign batia o FC Porto na primeira ronda desse campeonato de 2001/02.

O embate da segunda volta foi quase épico e por isso Laszlo Boloni destaca-o entre outros. «Emptatámos 2-2 com oito jogadores! Foi muito difícil, a experiência dos nossos jogadores revelou-se fundamental», disse ao Maisfutebol.

O FC Porto estava a quatro pontos do líder Sporting. Para os leões, era imperativo manter a vantagem. Mas havia algo mais neste jogo para além do Clássico.

«Foi uma semana diferente, foi como voltar a casa. Saí para o Galatasaray e voltei às Antas como adversário. O estádio estava lotado. Estava tenso, mas correu tudo bem. Tive aquele friozinho na barriga», lembra Jardel.

Super Mário nas Antas era sinónimo de golo. Nessa noite não foi diferente, embora tudo tivesse começado do avesso para o avançado.

Jorge Andrade tinha feito o 1-0, de grande penalidade e o FC Porto estava em vantagem aos sete minutos. Logo a seguir, Martins dos Santos, o árbitro, assinalou novo penalty. Numa área em que tantas vezes brilhou, o 16 do Sporting falhou. «Lembro-me bem que o Vítor Baía defendeu o meu penalty», recorda Mário Jardel. Foi, aliás, o único que desperdiçou em 16 grandes penalidades que bateu nessa liga.

Só que o leão chegou mesmo ao empate e virou o jogo, com novo penalty. João Pinto conta: «Fizemos uma grande primeira parte. Os dois penalties são sobre mim. O Pedro Barbosa marca um grande golo.» O capitão do Sporting já tinha feito um daqueles golos em arco, descaído na esquerda, quando Jardel enfrentou Baía de novo.

«Houve outro penalty e o André Cruz disse: ¿Mário, vai lá.¿ Estava com algum receio, mas enchi-me na minha confiança de goleador. Cheguei, bati e marquei.» o Sporting vencia 2-1 ao intervalo, mas ficou reduzido a oito: Pedro Barbosa, Paulo Bento e Jardel viram o cartão vermelho e, pelo meio, Deco empatou.

«As três expulsões foram fruto de algum excesso da nossa parte. Vi um amarelo por protestos e outro por uma falta sobre o Ricardo Carvalho, perfeitamente desnecessária, devia ter evitado», explica Pedro Barbosa.

João Pinto conta como a equipa aguentou até final: «Sentimo-nos fortes, foi uma grande demonstração de espírito de grupo e sacrifício. É quase impossível segurar um resultado a jogar só com oito, mas nós conseguimos.»

Polémica na Luz e André Cruz em Aveiro

Os restantes jogos do Sporting com os rivais mostram um empate (0-0 no Bessa) e uma vitória sobre o Boavista (2-0) e dois empates com o Benfica. O 2-2 na Luz foi polémico e teve Jardel como protagonista. Um penalty assinalado por Duarte Gomes deu oportunidade a Super Mário de reduzir para 2-1. E o leão sobreviveu com um dos golos que Jardel considera fundamentais no título: «Marquei de cabeça, lá no finalzinho, para dar o empate.»

Na recolha de depoimentos do Maisfutebol, um outro jogo salta à memória dos protagonistas: Beira Mar-Sporting, 1-2. «Lembro-me do jogo em Aveiro, resolvido pelo André Cruz. Em três tentativas, marcou dois livres. Às vezes os campeonatos ganham-se assim», argumenta João Pinto.

O mais curioso é que o central brasileiro até vinha de férias. «Foi num momento difícil, foi o primeiro jogo de 2002, tinha ido passar uns dias ao Brasil e ganhámos com dois golos de livre», conta André Cruz.