O sonho maior de qualquer treinador deve ser dispor de um plantel com mais de 20 jogadores de valor idêntico, todos capazes de cumprir as tarefas da equipa, igualmente disponíveis e competentes.

Não conheço nenhum plantel assim, o que não significa que esse não seja o objetivo de todos os treinadores e dirigentes, sempre que uma época começa.

Escrevo isto a pensar nas primeiras decisões de Julen Lopetegui.

Até agora, o treinador espanhol dirigiu três partidas oficiais e utilizou de início 16 futebolistas diferentes

Lopetegui quase não mexeu na defesa. Em Paços de Ferreira desapareceu Danilo, surgiu Ricardo. As laterais eram zonas de fraca competitividade na época passada. O treinador parece empenhado em enviar a mensagem contrária. As alternativas existem.

No meio-campo só Rúben Neves, de 17 anos, foi sempre titular. Mas é evidente que chegará a sua altura de passar pelo banco. Casemiro tem jogado a «6» e o terceiro lugar do setor já foi ocupado por três jogadores diferentes: Oliver, Herrera e Evandro.

Na frente, Jackson Martinez esteve sempre, mas Quaresma, Brahimi, Oliver, Tello e Adrián também já entraram de início.

À luz desta lógica de Lopetegui, a chegada de Aboubakar faz todo o sentido. De facto, até agora Jackson era o único futebolista do plantel que não podia ter um dia mau, constipar-se ou simplesmente descansar. Nesta fase inicial, o goleador dos Camarões terá de ser capaz de funcionar, pelo menos, como duplo de Jackson, alargando a rotatividade à função de ponta-de-lança.

Todos compreendemos que é melhor ter 16 ou 18 titulares do que apenas 11. Os benefícios são evidentes: mais jogadores preparados, mais jogadores frescos, mais jogadores a acreditar que vão competir, mais jogadores a crescer e a perceber as ideias da equipa. É só benefícios. Para quem percebe a lógica e a adota como sua.

A grande questão, nesta altura, é se Ricardo Quaresma entende a lógica de Lopetegui. E entender não é escrever coisas no Facebook. É mostrar boa cara e não fazer faltas absurdas no primeiro minuto em campo, como em Lille. Se não entender, convém que Quaresma não tenha dúvidas sobre para que lado partirá a corda.

NOTA: na lista de jogadores que contam, Quintero terá sempre de estar. O cruzamento para Jackson é maravilhoso.