Os primeiros pontapés de Florent Sinama-Pongolle na bola são dados na Ilha de Reunião. Este território francês ultramarino é o berço do novo avançado do Sporting. Clima tropical, muitas brincadeiras na rua, uma infância remediada mas feliz.
A paixão pelo futebol comanda as manhãs, as tardes e as noites do pequeno Florent. Aos 12 anos passa das ruas empoeiradas para os campos rudimentares do Jeunesse Sportive Saint-Pierroise, o mais titulado dos emblemas da pequena ilha.
Sporting: Sinama-Pongolle é o terceiro reforço
O talento de Sinama-Pongolle encanta e deixa de caber naquela porção de terra tão pequena. Aos 16 anos transfere-se para os franceses do Le Havre e dois anos depois dá um salto inimaginável para o Liverpool, pela mão de Gerard Houllier.
Enquanto o treinador gaulês se mantém em Anfield, Sinama-Pongolle vai jogando com alguma regularidade, apesar da forte concorrência. Nesta altura, é considerado uma das maiores promessas do futebol francês. Mas a chegada de Rafa Benítez tapa-lhe a porta do sucesso e o empréstimo ao Blackburn Rovers surge como inevitável.
Sem espaço em Liverpool, reencontra os golos e as boas exibições em Huelva. Dois anos de inspiração transferem-no para o Atl. Madrid, mas nos colchoneros bate de frente em dois obstáculos, como explica ao Maisfutebol Abel Resino, treinador de Sinama-Pongolle no Vicente Calderon.
«O problema dele não foi a falta de qualidade. Foi, isso sim, a qualidade tremenda do Aguero e do Forlan.»
«É um rapaz disciplinado e bem-educado»
Abel Resino orientou Sinama-Pongolle durante mais de um ano. Conhece «os defeitos e as virtudes» do atacante e procura identificá-los ao nosso jornal. «As principais armas dele são a velocidade e a potência muscular. Também joga bem de cabeça e remata forte com qualquer um dos pés», refere o ex-técnico do Atl. Madrid.
«É um jogador interessante, mas ainda está a tentar definir-se. Comigo não jogou muito, embora acredite que pode ser importante ao Sporting. Ele precisa, nesta altura, recuperar a confiança e o ritmo competitivo. Com oportunidades regulares, creio que vai ser uma boa personagem na liga portuguesa.»
Segundo Abel Resino, Carlos Carvalhal não terá problemas com Sinama-Pongolle no trabalho diário. «Treina muito bem. É um rapaz disciplinado, bem educado. Comigo sempre foi muito profissional. Em termos comportamentais, não tenho nada a apontar-lhe.»
«Não evoluiu da forma que podia ter evoluído»
Os factos são claros. Sinama-Pongolle falhou nos dois maiores clubes da carreira: Liverpool e Atl. Madrid. Para Abel Resino, estes insucessos podem ser explicados através do temperamento do atleta.
«Falta-lhe algum nervo, uma personalidade mais sólida. Creio que deve acreditar mais em si, principalmente nos jogos maiores. Não evoluiu da forma que podia ter evoluído», acrescenta Abel Resino, que conhece Sinama-Pongolle desde o Europeu de sub-16, em 2001.
«Vi-o jogar nessa competição e encantou-me. Estavam lá o Fernando Torres, o Nico Kranjcar e outros grandes jogadores, mas foi o Florent que me chamou a atenção. Tenho de ser honesto: pensava que ele ia crescer de outra forma.»
Os números de Sinama-Pongolle:
2001-2003: Le Havre, 41 jogos/7 golos
2003-2005: Liverpool, 38/4
2005-2006: Blackburn, 10/1
2006-2008: Huelva, 68/22
2008-2009: Atl. Madrid, 52/5
Selecção Sub-21: 4/1
Selecção A: 1/0