Paulo Bento, selecionador de Portugal, depois da goleada aos Camarões (5-1), no Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria, naquele que foi o primeiro ensaio para o Campeonato do Mundo:

[Apreciação aos novos jogadores]
- Já tinha dito antes do jogo. Não havia nenhum jogador que estivesse à prova. Dentro de muitos condicionalismos, em função das lesões anteriores ao estágio e durante o estágio, conseguimos fazer uma boa gestão dos recursos que tínhamos. Demos uma demonstração de capacidade em termos técnicos e de atitude. A resposta dos jogadores foi positiva. Tivemos algumas dificuldades, essencialmente na primeira parte, porque jogámos num sistema que é diferente do que é habitual. Tivemos dificuldades em contrariar o adversário. Optámos mais na segunda parte por jogar no figurino habitual. Depois do 2-1 acabámos por ter um resultado volumoso. Não tivemos aqui nenhum jogador em nenhum teste. Agora, com muita competição pela frente, ainda muitos jogos para ver, compete-nos observar o maior número possível de jogadores e de jogos, para fazermos a lista a final a 19 de maio. É verdade que há uma base, mas até lá está tudo em aberto.

[Tirou muitas notas deste jogo?]
- Tiro de todos, não há jogo nenhum que não se tirem notas. Coisas positivas, coisas menos positivas. Tivemos problemas na primeira parte por uma opção de estratégia, mas quer no início da primeira parte, quer no início da segunda tiveram momentos positivos. É verdade que na primeira parte tivemos mais dificuldades do que na segunda, o que é normal tendo em conta as rotinas que os jogadores têm na seleção. Acabámos por ver jogadores noutras posições, como é o caso do Fábio [Coentrão] a jogar mais à frente, como extremo, ou do Varela também a jogar como ponta-de-lança. Questões pontuais que nos permitiram tirar algumas ilações.

[O selecionador dos Camarões diz que o segundo golo de Portugal foi decisivo, concorda com essa análise?]
- É uma análise, há que respeitar. É evidente que quando nos colocámos em vantagem pela segunda vez e praticamente fizemos o terceiro golo, ficou mas fácil para o nosso lado. Ficámos mais à vontade para as transições ofensivas, por isso o resultado tornou-se volumoso.

[Testou um novo modelo (losango), mas já tem uma base para o Mundial?]
- Há que ver primeiro qual é a convocatória que vamos fazer a 19 de maio e, partindo de uma base e um desenho tático, em termos de modelo, não pretendemos grandes alterações. Já jogámos num 4-4-2 mais clássico, ao contrário da primeira parte de hoje, em que optámos por um losango, já invertemos o triângulo do meio campo. Queremos identificar os jogadores com o maior numero de soluções e optar nos momentos que acharmos mais convenientes para tentar surpreender os nossos adversários e não os nossos jogadores.

[CR7 bateu o recorde de Pauleta. Foi bom para se libertar dessa pressão?]
- Não me parece que tivesse de ser um tema preocupante, nem para a equipa, nem para o Ronaldo. Não me parece que tivesse essa pressão e a verdade é que era uma questão de tempo. Os números falam por si. Pelo tempo que tinha pela frente seria sempre algo natural e não uma obsessão.

[Admite convocar jogadores que não estiveram aqui esta noite?]
- O facto de haver jogadores que estiveram aqui agora, não significa que estejam no Mundial, como os que não estiveram aqui não quer dizer não venham a estar. Há um espaço temporal grande. Temos uma série de condicionalismos, tempos de esperar para ver qual é a condição desses jogadores antes de tomarmos decisões.

[Objetivos para o Mundial? Onde pode chegar?]
- O primeiro objetivo é chegar aos oitavos de final. Depois é tentar competir da melhor maneira possível e tentando eliminar os adversários nos toquem pelo caminho. Tínhamos no Euro uma estratégia idêntica e conseguimos levá-la a cabo. Temos no Mundial um grupo complicado, mas com possibilidade de chegar ao objetivo. A partir daí é ir de eliminatória em eliminatória.