O aluno Carlos Brito sentenciou o professor Henrique Calisto a um futuro sombrio. Frente ao treinador que lhe entregou o banco do Rio Ave, responsável pela subida ao primeiro escalão, Brito viu João Tomás garantir um triunfo importantíssimo e afundar o Paços de Ferreira (1-0). Os locais respiram bem melhor.

Adivinham-se jornadas de angústia para os pacenses. As excelentes indicações deixadas na etapa inicial chocaram com a tremenda infelicidade. Entre as bolas no ferro e duas grandes penalidades cometidas (a segunda é especialmente duvidosa), a formação visitante tombou com estrondo num duelo de aflitos.

Jogo colorido e vivo em Vila do Conde, sobretudo na primeira parte. A ansiedade condicionou alguns movimentos sem afectar a abordagem das duas formações. Mesmo com a corda na garganta, Rio Ave e Paços de Ferreira não conseguem disfarçar a alegria do seu futebol, a mente aberta na abordagem ao espectáculo.

Os ferros e a brecha à esquerda

Henrique Calisto regressava a uma casa que já foi sua e procurava reforçar os pilares sobre o novo tecto. Recebeu e lançou Tony e Ozeia, dois reforços garantidos nos últimos dias, para estancar as feridas na defesa e emprestar experiência ao colectivo. Algo claramente em falta.

Os castores reforçaram o dique defensivo mas deixaram uma brecha. À esquerda, com Luisinho no banco, Backar acenava uma bandeira de intranquilidade. Yazalde demorou meia-hora a perceber a lacuna. Quando chegou a essa conclusão, partiu para cima do adversário e conquistou uma grande penalidade. João Tomás agradeceu.

O Rio Ave, moralizado pelas vitórias nos últimos jogos em Vila do Conde, procurava ainda capitalizar o empate frente ao Sporting, para a Taça da Liga. Entrou com ambição mas teve de agradecer o nulo a Huanderson. De facto, o brasileiro foi a figura do encontro, sobretudo nos primeiros trinta minutos.

A formação pacense entrou melhor em campo e criou vários lances de perigo. O Paços apoiava-se na velocidade de Melgarejo à esquerda e no jogo aéreo dos seus centrais, em lances de bola parada. O paraguaio falhou duas oportunidades, enquanto Ozeia e Cohene viram o ferro estragar os seus planos.

Yazalde inventa a vantagem

Os adeptos locais lamentavam a falta de inspiração do Rio Ave. Gaspar desperdiçara o único lance de verdadeiro perigo para a baliza de Cássio. Até que, ao 31º minuto, a bola apareceu no flanco direito do ataque. Yazalde encarou Backar, rodou sobre o guineense e caiu. Deixou a sensação de grande penalidade, imediatamente assinalada por Jorge Ferreira.

O árbitro de Braga deixou apenas uma dúvida no ar. Ao minuto 17, Ozeia cabeceou para defesa de Huanderson, a meias com a trave. A bola bateu no chão e fugiu da baliza. Terá passado para lá da linha de golo? Os protestos foram escassos.

João Tomás converteu o castigo máximo e, sem o merecer nessa altura, o Rio Ave chegava

à vantagem. O experiente avançado português garantiu o seu quinto golo na Liga 2011/12, já depois de ter marcado frente ao Sporting.

Sem soluções até ao fundo

A desvantagem tramou o Paços de Ferreira. Mais acutilante até então, sobretudo em lances rápidos de contra-ataque, a equipa de Henrique Calisto não conseguiu assumir o jogo e continuou à espera de bolas paradas para criar perigo.

Carlos Brito sentiu o triunfo em risco e recuou a sua equipa. Cássio foi um mero espectador ao longo da etapa complementar, com o Rio Ave encolhido, agradecendo a falta de inspiração ofensiva do seu adversário. O Paços foi ao fundo. Será difícil sair de lá.

João Tomás ainda desperdiçou novo castigo máximo (81m), agora a punir pretenso empurrão de Tony ao avançado. Algo forçado. O lateral foi expulso por acumulação de amarelos mas o avançado permitiu a defesa de Cássio, na conversão.